Declarações de Lula sobre envolvimento dos EUA e da União Europeia na guerra na Ucrânia ainda repercutem na diplomacia.| Foto: Oleg Petrasyuk/EFE
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A União Europeia (UE) espera falar diretamente aos representantes do governo do Brasil para deixar claro que somente a Ucrânia pode decidir o momento apropriado para um cessar-fogo com a Rússia, levando em conta a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma trégua e futuros planos de paz.

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"Conversaremos com nossos amigos brasileiros e lhes diremos que este não é o momento para isso. Este não é o momento, o momento é quando a Ucrânia disser que é o momento", declarou nesta sexta-feira (21) um funcionário de alto escalão da UE.

O alto representante das Relações Exteriores da UE, Josep Borrell, espera se reunir com o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, no dia 25, em Bogotá, onde irá participar da reunião de ministros das Relações Exteriores promovida pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, para desbloquear as negociações entre o governo da Venezuela e a oposição.

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Amorim, ex-chanceler no primeiro mandato de Lula, visitou recentemente Moscou, onde se encontrou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.

"Não há solução mágica, mas haverá um momento em que haverá a percepção de um ou outro lado de que o custo da guerra, não só político, mas também humano e econômico, será maior do que o custo das concessões para a paz", disse Amorim, após sua viagem à capital russa.

Críticas de Lula ainda repercutem

O Brasil propôs ideias para um cessar-fogo na Ucrânia e para futuras conversações de paz, enquanto Lula criticou UE e Estados Unidos por enviar armas à Ucrânia e assim, em sua opinião, prolongar o conflito.

A declaração de Lula irritou a UE, que acredita que "o agressor e o agredido" não podem ser colocados em pé de igualdade, e que é legítimo ajudar a vítima a se defender.

"É muito importante colocar tudo isso em perspectiva. Não houve nenhum pedido de cessar-fogo quando a Rússia estava acumulando tropas na fronteira com a Ucrânia antes de iniciar a invasão em 24 de fevereiro de 2022, quando eles se aproximavam de Kiev, ou quando Moscou mudou sua estratégia e decidiu se concentrar na região de Donbass, atacando a infraestrutura civil todos os dias", disse Borrell.

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O alto representante da UE considerou que a ofensiva russa está agora "desmoronando" e disse que é inevitável ver "motivações políticas" nas propostas.

"Em uma guerra, quando você escolhe o momento de colocar suas ideias em um cessar-fogo, esta é uma parte fundamental da história", afirmou Borrell.

"A guerra vai acabar no momento em que a Rússia se retirar da Ucrânia. Simples assim", concluiu. Neste sentido, ele espera que a conversa com Celso Amorim, que é "um bom amigo" do alto representante, pudesse acontecer para "falarem abertamente".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]