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O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, culpou nesta sexta-feira (16) a Rússia pela morte do líder opositor Alexei Navalny, que faleceu repentinamente hoje na prisão do Ártico, onde estava desde dezembro do ano passado, segundo os serviços penitenciários russos.
“A União Europeia considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica”, escreveu Michel em uma mensagem na rede social X.
O presidente do Conselho Europeu comentou ainda que Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia e que “fez o sacrifício máximo pelos seus ideais”. Ele acrescentou que “os combatentes morrem. Mas a luta pela liberdade nunca termina”.
Segundo a versão dos serviços penitenciários russo, o opositor de Putin, condenado a 30 anos de prisão, estava caminhando pela prisão onde estava encarcerado, em uma região do Ártico, quando se sentiu mal.
Essas fontes disseram que Navalny perdeu a consciência e, embora os serviços médicos de emergência o tenham atendido imediatamente, não foi possível reanimá-lo.
Outras autoridades se pronunciam
O ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, afirmou nesta sexta-feira (16) que o líder opositor russo Alexei Navalny “pagou com a vida por sua resistência a um sistema de opressão”.
Em mensagem postada em sua conta na rede social X, Séjourné disse que a morte de Navalny, de 47 anos, em uma colônia penitenciária “nos lembra a realidade do regime de Vladimir Putin”. Nesta primeira declaração oficial francesa sobre o caso, o chefe da diplomacia envia as suas condolências em nome da França à sua família, aos seus entes queridos, mas também “ao povo russo”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, também lamentou o falecimento, recordando sua bravura como grande defensor da democracia na Rússia. "Estas são notícias terríveis. Alexei Navalny, o mais ferrenho defensor da democracia na Rússia, demonstrou uma coragem incrível ao longo da sua vida", disse o líder conservador. “Os meus pensamentos estão com sua esposa e com o povo da Rússia, para quem esta é uma enorme tragédia”, acrescentou.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, se manifestou no mesmo sentido das demais autoridades europeias, classificando Navalny como um líder corajoso que lutou com a vida para mudar a situação de seu país. "É algo muito desconcertante. Conheci Navalny em Berlim quando ele tentava se recuperar", afirmou Scholz no início de uma coletiva de imprensa ao lado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O chanceler se referia ao período que Navalny passou em uma clínica da capital alemã para se recuperar do envenenamento que sofreu com um agente tóxico em 2020.
No ano seguinte, o opositor de Putin regressou à Rússia em 2021 com o argumento de que do exterior não seria capaz de lutar eficazmente pela mudança no seu país. “Ele provavelmente pagou com a vida pela sua bravura”, comentou Scholz, que disse estar pensando na esposa e nos dois filhos do político.
“Sabemos que regime é este”, acrescentou Scholz em referência ao governo do presidente Vladimir Putin, frisando que a morte do opositor é um sinal de quanto a Rússia mudou para pior. “Faz muito tempo que não é uma democracia”, enfatizou Scholz.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia tem “questões muito sérias a responder” sobre a morte do líder opositor e exigiu também que Moscou apure todos os fatos sobre o ocorrido.
“Todos os fatos devem ser estabelecidos e a Rússia tem questões sérias a responder”, disse Stoltenberg em declarações à imprensa na Conferência de Segurança de Munique.
O secretário-geral da OTAN disse ainda não ter informações sobre as causas da morte de Navalny, razão pela qual insistiu na importância do esclarecimento de todos os fatos. “Embora a Rússia tenha algumas questões muito sérias a responder, o que temos visto é que o regime de Moscou se tornou uma potência cada vez mais autoritária, que tem usado a opressão contra a oposição durante muitos anos”, comentou.
Stoltenberg disse que Navalny era um prisioneiro e que esta condição “torna extremamente importante que a Rússia responda agora a todas as perguntas que serão feitas sobre a causa da morte”.
Além disso, reconheceu estar “profundamente triste e preocupado” com as informações vindas da Rússia sobre a morte do político. “Alexei Navalny foi uma voz forte a favor da liberdade, a favor da democracia, durante muitos anos, e há muito tempo que a OTAN e os aliados pediam sua libertação”, lembrou. (Com Agência EFE)