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A Presidência rotativa alemã da União Européia (UE) exigiu neste sábado (24) ao Irã a imediata libertação dos 15 militares britânicos detidos nesta sexta-feira (23) pela força naval iraniana por se encontrarem em águas iranianas. A exigência será formalizada ao longo do dia em uma declaração comum da UE, informou o ministro de Assuntos Exteriores alemão, Franz-Walter Steinmeier, em Berlim.

O chefe da diplomacia alemã acrescentou que os iranianos confirmaram a detenção dos militares por terem supostamente entrado em suas águas. Os militares realizavam operações rotineiras de inspeção em águas territoriais iraquianas quando foram aprisionados por navios da Marinha iraniana por volta das 10h30 (hora local), segundo a versão do Ministério da Defesa do Reino Unido.

Os militares foram levados a Teerã para que "expliquem sua incursão nas águas territoriais do país", informou neste sábado (24) a imprensa local. O general Alireza Afshar, um alto oficial iraniano, afirmou que eles "confessaram" ter entrado ilegalmente em águas territoriais da República Islâmica. "Temos provas que demonstram que foram detidos em águas nossas. Eles mesmos o confessaram e admitiram ter cometido um erro", declarou à emissora de televisão iraniana Al Alam.

Em comunicado, a Defesa britânica disse que o pessoal capturado tinha completado a inspeção com sucesso de um navio mercante quando suas duas embarcações foram cercadas e escoltadas por navios do Irã até águas territoriais do país. Os militares, infantes de Marinha que pertencem à fragata HMS Cornwall, foram capturados à mira de pistolas, segundo a rede britânica "BBC".

Preocupação

O governo inglês se apressou a exigir a pronta libertação dos militares ao embaixador iraniano na capital britânica, Rasoul Mavahedian, convocado em caráter de urgência pelo Ministério de Assuntos Exteriores. A chefe da diplomacia britânica, Margaret Beckett, assegurou que estava "extremamente preocupada" com o acontecido e que tinha exigido do regime de Teerã "uma explicação completa", em declarações feitas em sua circunscrição eleitoral em Derby (norte da Inglaterra).

"Não ficou dúvida alguma para ele (o embaixador iraniano) que queremos que devolvam os nossos marinheiros", acrescentou Beckett, destacando que os militares estavam em águas territoriais iraquianas e atuavam de conformidade com a resolução 1723 da ONU, em apoio ao governo de Bagdá para acabar com as práticas de contrabando.

A detenção dos militares aconteceu de forma "completamente pacífica", sem disparos, disse o capitão da fragata HMS Cornwall, Nick Lambert, em entrevista à "BBC". Lambert está no comando de uma das três forças marítimas da coalizão liderada pelos EUA que patrulham o Golfo Pérsico para manter a segurança nas águas territoriais iraquianas e proteger a infra-estrutura marítima.

O oficial assinalou que acredita ter acontecido "um simples erro" sobre águas territoriais. "Não tenho absolutamente nenhuma dúvida que eles (os militares capturados) estavam em águas territoriais iraquianas. Igualmente, os iranianos podem reivindicar que estavam em águas territoriais iranianas", explicou.

"A extensão e a definição das águas territoriais nesta parte do mundo é muito complicada. Podemos descobrir, e espero que o descubramos, que nos encontramos diante de um simples mal-entendido a um nível tático", continuou. A detenção aconteceu na região do disputado canal Shatt Al Arab, limítrofe entre Iraque e Irã e cujo controle deu início à guerra entre ambos os países na década de 80. Apesar da pouca comunicação, Lambert disse que supostamente os quinze militares estão a salvo.

Tensão

A detenção acontece em um momento de grande tensão entre o Irã e a comunidade internacional, especialmente Estados Unidos e Reino Unido, por causa das atividades nucleares iranianas.

O ministro de Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, acusou esta semana o Reino Unido de "sabotar" os esforços para encontrar uma saída pacífica para a disputa pelo programa atômico iraniano, e afirmado que seu país "responderá a essa insolência britânica".

O Conselho de Segurança estuda uma minuta de resolução, estipulada por seus cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) para endurecer as sanções ao Irã por sua recusa a suspender o enriquecimento de urânio.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004 quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de ter entrado de forma ilegal nas águas jurisdicionais do Irã, no Golfo Pérsico.

Irã confirma

O governo do Irã confirmou a captura dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos, mas disse que eles estavam em seu território -e não em águas iraquianas, como alegaram os europeus.

O Irã afirma que planejava fazer exercícios militares no local até o próximo dia 30. Na região, o país está construindo uma central nuclear na província de Busher. Segundo o comandante das Forças Navais do país, o general Sayad Koyki, os iranianos "mostraram sua capacidade defensiva".

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