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A União Europeia pediu nesta quarta-feira (24) que a Venezuela revogue a expulsão da sua embaixadora no país, Isabel Brilhante, dizendo que a decisão do regime de Nicolás Maduro "apenas deixará a Venezuela ainda mais isolada" no cenário internacional.
"A Venezuela só irá superar sua atual crise por meio da negociação e diálogo, aos quais a UE está completamente comprometida", disse uma porta-voz do bloco à agência EFE. "Pedimos que essa decisão seja revertida".
Na tarde desta quarta-feira, o regime de Maduro deu à diplomata 72 horas para deixar o país. "Por decisão do presidente Nicolás Maduro, entregamos em mãos para a Sra. Isabel Brilhante, que nos últimos anos foi chefe da delegação da União Europeia na Venezuela, a declaração de persona non grata", disse Jorge Arreaza, ministro de Relações Exteriores do regime chavista, em coletiva de imprensa.
As medidas contra a representação europeia no país latino-americano foram aprovadas no dia anterior pela Assembleia Nacional, de maioria chavista, em resposta a novas sanções aplicadas pela União Europeia contra autoridades da ditadura. As restrições europeias foram implementadas em reação às eleições parlamentares de dezembro, consideradas fraudulentas e boicotadas pela oposição venezuelana.
Maduro garantiu nesta quarta-feira que o seu país "quer ter as melhores relações com toda a Europa", mas que não pode aceitar sanções contra altos funcionários. "Nós não queríamos fazer isso, o fizemos contra a nossa vontade", disse o ditador em discurso transmitido pela televisão. "Mas não podemos aceitar que ninguém venha agredir a Venezuela, impor sanções contra a Venezuela".
"Ou vocês retificam ou com vocês não haverá nunca mais relações de qualquer espécie, nenhum tipo de diálogo, senhores da União Europeia, para que saibam que a Venezuela tem dignidade", alertou Maduro.
Em junho do ano passado, Maduro também havia ordenado a expulsão da embaixadora do país, depois que a UE anunciou sanções contra o seu regime. Mas ele reverteu a decisão alguns dias depois, com a intenção de facilitar o diálogo entre a Venezuela e os países do bloco europeu.
O líder opositor Juan Guaidó repudiou a expulsão da embaixadora. "A soberba do ditador ante o fracasso da fraude de 6 de dezembro [data da eleição] o isola ainda mais do mundo e pretende arrastar o país com ele", disse Guaidó em suas redes sociais.