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Na véspera de seu cinqüentenário, a União Européia foi alvo de exortações contundentes de seus líderes, preocupados com o futuro e as divisões do bloco, e de críticas do Papa Bento XVI, mais atento ao declínio da fé católica na região. Há 50 anos, Bélgica, França, Alemanha Ocidental, Itália, Luxemburgo e Holanda assinaram o Tratado de Roma, documento que criava a Comunidade Econômica Européia e tinha como metas a criação de um mercado comum, a união alfandegária, o fortalecimento da paz e a aproximação dos povos Européus. O bloco evoluiu e hoje agrega 27 países e 490 milhões de cidadãos. Mas as incertezas são muitas, sobretudo após a rejeição e o congelamento do processo de adoção de uma Constituição comum.

Neste sábado, a chanceler (chefe de governo) da Alemanha, Angela Merkel, anfitriã de uma reunião de cúpula para marcar o aniversário, disse que a União Europa e seus habitantes precisam de clareza a respeito dos rumos do bloco. A Alemanha ocupa a presidência rotativa da UE, que muda de país a cada seis meses.

- Nosso objetivo é mostrar nossos cidadãos como criar uma União Européia eficaz e revitalizada, antes da eleição para o Parlamento Europeu, em 2009. As pessoas da Europa têm o direito de saber isso - disse Merkel.

O líder europeu há mais tempo no poder instou o bloco a finalizar uma ambiciosa reforma em seu tratado até o fim do ano.

O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, disse a uma rádio alemã que, "num cronograma ideal", o esboço do novo tratado estaria pronto no segundo semestre de 2007.

Declaração de Berlim

Neste domingo, Angela Merkel apresentará a Declaração de Berlim, um documento sobre os valores e conquistas do bloco. Ela disse esperar que a declaração gere um novo impulso para a unidade européia, depois que cidadãos franceses e holandeses rejeitaram a primeira Constituição da UE, em 2005.

A declaração de duas páginas estabelece um prazo em 2009 para criar "uma base comum renovada" para o bloco - em outras palavras, reformas institucionais que resultarão no surgimento das figuras de um presidente com mandato longo e um ministro das Relações Exteriores, um sistema mais simples de tomada de decisões e mais poder para os parlamentos nacionais europeus.

No entanto, numa reflexão sobre as profundas divisões sobre o futuro do bloco, a declaração não faz menção específica à Constituição e evita comentar a adição de mais países - um dos fatores que causou a rejeição dos franceses e holandeses.

O advento de governos "eurocéticos" em Praga e Varsóvia, bem como uma oposição pública persistente na Grã-Bretanha, Holanda e França, determinam a grande dificuldade que Merkel terá para lançar as negociações para o novo tratado.

Papa

Mais preocupado com o que julga serem os problemas espirituais do bloco, o papa Bento XVI acusou a UE de apostasia, por se recusar a mencionar o cristianismo na Declaração de Berlim.

Festa

Festividades pelos 50 anos da UE estão sendo realizadas em toda a Europa e a capital alemã é a anfitriã de dois dias de festejos de rua, com exposições em museus abertas durante toda noite e celebrações em casas noturnas. Uma delas reúne, em Roma, obras de arte que contam 5 mil anos da cultura no continente .

A primeira-ministra alemã e os outros 26 chefes de Estado começaram as celebrações num concerto de gala neste sábado, com Simon Rattle regendo a Filarmônica de Berlim na execução de "Folk Songs," de Luciano Berio, e da Quinta Sinfonia de Beethoven. O presidente alemão, Horst Koehler, receberá os líderes para um jantar em sua residência Schloss Bellevue.

Na manhã de domingo, Merkel, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso e o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Poettering, assinarão a Declaração de Berlim numa cerimônia no Museu Histórico Alemão.

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