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Presidente suíço Didier Burkhalter participa de coletiva de imprensa em que comenta resultado do referendo de domingo | Fotos: Thomas Hodel/Reuters
Presidente suíço Didier Burkhalter participa de coletiva de imprensa em que comenta resultado do referendo de domingo| Foto: Fotos: Thomas Hodel/Reuters

Imigração

Nova lei foi aprovada por uma margem de apenas 19.526 votos

Reuters

"Nós simplesmente não podemos aceitar esses tipos de restrições que foram aprovadas ontem [domingo]", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde. "Isso terá claramente implicações para o resto dos acordos que temos com a Suíça."

As empresas dizem que a reintrodução das cotas de imigração, aprovada por uma margem de apenas 19.526 eleitores, ameaça a economia suíça que depende da União Europeia para quase um quinto de seus trabalhadores.

Estão na Suíça empresas gigantes de alimentos e bebidas, como Nestlé, as farmacêuticas Novartis e Roche, bem como uma série de grandes negociantes de commodities, como Glencore Xtrata e Louis Dreyfus.

  • Sorriso: Toni Brunner, do Partido do Povo Suíço

A Suíça corre o risco de perder o privilégio de acessar o mercado único da Europa após uma votação apertada que aprovou a proposta para restringir a imigração de cidadãos da União Europeia (UE). O referendo ocorreu no domingo e foi promovido pelo Partido do Povo Suíço, conservador, deixando em alerta as lideranças da UE, que responderam ontem ao referendo.

A votação parece ter refletido a preocupação de que a cultura suíça esteja ameaçada por estrangeiros, que hoje representam um quarto dos 8 milhões de habitantes do país. Em 2009, também em referendo, os suíços proibiram a construção de minaretes – pequenas torres de mesquita – dentro do país, numa atitude considerada preconceituosa contra os islâmicos.

Os limites à imigração foram vigorosamente contestados pela indústria suíça e o governo em Berna, que agora enfrenta uma saia justa: tem de transformar o resultado do referendo em lei e conter a reação de Bruxelas e de grandes vizinhos, como Alemanha e França.

"A Suíça se prejudicou muito com este resultado", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, a jornalistas na chegada a Bruxelas para uma reunião com seus colegas da UE. "A Suíça tem que perceber que picuinhas com a UE não são uma estratégia de longo prazo."

"Haverá consequências, isso está claro", disse o chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn. "Você não pode ter acesso privilegiado ao mercado interno europeu e, por outro lado, suspender a livre circulação."

O ministro das Relações Exteriores irlandês, Eamon Gilmore, considerou o resultado "muito preocupante". "Acho que temos visto em toda a Europa um crescimento do que só posso chamar de uma agenda da extrema-direita, que é bastante xenófoba", disse.

Desde 2002, a Suíça e os cidadãos da UE podem atravessar a fronteira livremente e trabalhar em qualquer um dos lados, desde que tenham um contrato ou sejam trabalhadores autônomos.

Autoridades da UE disseram que o tratado de livre mobilidade faz parte de um pacote de sete acordos que não podem vigorar separadamente: se um deles é suspenso, todos perdem a validade.

Os acordos abrangem também a cooperação econômica e tecnológica, contratos públicos, aceitação mútua de diplomas e licenças, comércio agrícola, aviação e tráfego rodoviário e ferroviário.

Pacto

A livre circulação de pessoas faz parte de uma das políticas fundamentais da União Europeia e a Suíça, embora não seja um membro do bloco de 28 nações, tem participado disso sob um pacto com Bruxelas. Desde 2002, a Suíça e os cidadãos da UE podem atravessar a fronteira livremente e trabalhar em qualquer um dos lados.

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