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Crianças ajudam os pais a vender frutas e legumes pelas ruas de Quito, no Equador, durante a pandemia de Covid-19
Crianças ajudam os pais a vender frutas e legumes pelas ruas de Quito, no Equador, durante a pandemia de Covid-19| Foto: EFE/José Jácome

A Unicef divulgou nesta quinta-feira (9) que a pandemia de Covid-19 levou 100 milhões de crianças a mais a viver em situação de pobreza em todo o mundo, o que representa um aumento de 10% desde 2019. A agência das Nações Unidas para a infância classificou a pandemia como “a pior crise para as crianças nos 75 anos de história” da entidade.

Segundo o comunicado divulgado pela Unicef, o momento ameaça décadas de progresso em diversas questões relacionadas à infância – de acordo com a agência, na melhor das hipóteses, serão necessários de sete a oito anos para a recuperação e o retorno aos níveis de pobreza infantil anteriores à pandemia.

“Enquanto o número de crianças famintas, fora da escola, que sofrem abusos, vivendo na pobreza ou forçadas ao casamento está aumentando, o número de crianças com acesso a cuidados de saúde, vacinas, alimentação suficiente e serviços essenciais está diminuindo. Em um ano em que deveríamos estar olhando para a frente, estamos retrocedendo”, declarou a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore.

O relatório da agência aponta que o número de crianças no mundo residindo em domicílios pobres aumentou em cerca de 60 milhões. No ano passado, mais de 23 milhões de crianças perderam vacinas essenciais, aumento de quase 4 milhões em relação a 2019 e o maior número em 11 anos.

No pior momento da pandemia, mais de 1,6 bilhão de estudantes estiveram sem aulas devido ao fechamento das escolas. De acordo com a Unicef, condições relacionadas à saúde mental afetam mais de 13% das crianças e adolescentes de dez a 19 anos em todo o mundo. Em outubro de 2020, serviços essenciais de saúde mental haviam sido interrompidos ou suspensos em 93% dos países.

Além disso, o relatório destacou que até 10 milhões de casamentos infantis adicionais podem ocorrer antes do final da década como resultado da pandemia de Covid-19 e que o número de crianças em situação de trabalho infantil aumentou para 160 milhões em todo o mundo. O número de crianças com desnutrição aguda pode aumentar em 9 milhões até 2022 – 50 milhões delas já sofrem com essa condição.

Nesta semana, um relatório divulgado pelo Observatório da Dívida Social Argentina, da Universidade Católica Argentina (UCA), apontou que 64,9% das crianças e adolescentes do país estão na faixa da pobreza, faixa etária com maior proporção de pessoas nessa condição. O índice é superior aos registrados em 2020 (64,6%) e 2019 (58,3%). Em 2010, menos da metade (49,5%) da população argentina nessa faixa etária vivia na pobreza.

Embora a situação seja evidentemente mais dramática nos países em desenvolvimento, a crise da infância provocada pela pandemia se fez sentir até nas maiores economias do mundo: em dezembro do ano passado, a Unicef lançou uma campanha de resposta de emergência doméstica no Reino Unido, com o objetivo de ajudar a alimentar crianças atingidas pela crise da Covid-19. Foi a primeira ação desse tipo realizada no país na história da agência.

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