A busca pelos autores dos atentados de Bruxelas e por suas conexões sofreu um revés nesta segunda-feira (28), depois que as autoridades belgas soltaram o único detido por falta de provas. Ele havia sido acusado formalmente no sábado de crimes de terrorismo.
“Os indícios que levaram à detenção da pessoa chamada Fayçal C. não foram sustentados pela evolução da investigação. Consequentemente, o envolvido foi colocado em liberdade pelo juiz”, disse o Ministério Público belga, sem dar mais detalhes.
As autoridades determinaram que Fayçal Cheffou não era “o homem do chapéu” que aparece nas câmeras de segurança junto aos suicidas que atacaram o aeroporto, acrescentou.
Os investigadores tentam unir as peças em vários países europeus para revelar uma possível rede internacional do grupo Estado Islâmico (EI) envolvida no massacre.
A libertação de Cheffou suscita, porém, várias dúvidas. A Polícia belga divulgou, nesta segunda-feira, um novo vídeo do terceiro suspeito dos atentados de semana passada em Bruxelas. Ele também estava no aeroporto de Bruxelas e levava uma bomba que não explodiu.
As imagens mostram o homem com um chapéu e um casaco branco, empurrando um carrinho de bagagens com uma grande mala na área de desembarque junto aos dois homens-bomba, Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui.
“Trata-se de um novo vídeo que até agora não havia sido divulgado”, informou à AFP um porta-voz da Procuradoria belga.
35 mortes
Nesta segunda-feira, as autoridades atualizaram o balanço de vítimas dos atentados, que chega a 35 mortos. Nos últimos dias, quatro pacientes feridos não resistiram e faleceram.
“Quatro pacientes morreram no hospital. As equipes médicas fizeram todo o possível. O total de vítimas chega a 35. Força a todos os familiares”, escreveu no Twitter a ministra da Saúde, Maggie De Block. A porta-voz da promotoria, Ine Van Wymersch, confirmou o balanço.
Desse total, 28 foram pessoas identificadas. Dessas, 15 morreram no aeroporto, e 13 no metrô. Os corpos ainda não identificados aguardam a conclusão dos testes de DNA, informou à imprensa Ine Van Wymersch.
De acordo com o centro de crise, entre as 28 pessoas falecidas e identificadas, 16 eram belgas, e 12 estrangeiros, incluindo cidadãos de Estados Unidos, Holanda, Suécia, Alemanha, França, China, Itália e Grã-Bretanha.
Reivindicados pelo Estado Islâmico (EI), os atentados deixaram 340 feridos e 35 mortos de 20 nacionalidades.
Três pessoas detidas
Enquanto a Bélgica permanece atônita após a tragédia, as críticas sobre o que as autoridades poderiam ter feito para evitar os ataques continuam, sobretudo, à medida que são revelados elementos que poderiam vincular o ocorrido em Bruxelas aos atentados de 13 de novembro em Paris. O número de mortos chegou a 130 na capital francesa.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público anunciou que três homens foram detidos na Bélgica por “participação em atividades de um grupo terrorista”, após uma operação realizada no domingo em várias cidades do país. Os suspeitos foram identificados como Yassine A., Mohamed B. e Aboubaker O. e foram detidos.
As autoridades citaram uma “operação judicial antiterrorista”, embora sem estabelecer um vínculo com os atentados de Bruxelas de terça-feira.
A polícia realizou 13 operações no domingo em um “caso de terrorismo” em Bruxelas e em outras duas cidades flamengas do norte, Malinas e Duffel, informou a corporação.
Agora, a Polícia tenta juntar outras peças no quebra-cabeças das redes extremistas que atacaram Paris e Bruxelas.
O DNA de Najim Laachraoui foi encontrado nos explosivos usados nos ataques de Paris. Ao mesmo tempo, investigadores suspeitam de que o autor do ataque no metrô de Bruxelas, Khalid El Bakraoui, teria alugado a propriedade onde se escondeu o principal suspeito dos atentados cometidos na capital francesa, Salah Abdeslam. Os ataques de Paris também foram reivindicados pelo EI.
No fim de semana, o argelino Djamal Eddine Ouali foi detido na região de Salerno, sul da Itália, a pedido da Justiça belga, como parte de uma investigação sobre documentos falsos utilizados pelos homens-bomba nos ataques de Paris e Bruxelas.
Na capital belga, as polêmicas ressurgiram depois da tensa manifestação de 300 “hooligans” no domingo.
Já criticado pelo erro de vigilância em torno do suicida Ibrahim El-Bakraoui, o ministro do Interior, Jan Jambon, foi acusado pelo prefeito de Bruxelas, Yvan Mayeur, de não ter “feito nada” para impedir que os “hooligans de extrema direita” tomassem a praça da Bolsa.
Finalmente, centenas de pessoas se reuniram em uma cerimônia ecumênica nesta segunda, na catedral de Bruxelas, na presença de líderes muçulmanos e judeus.
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