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Perseguição sandinista

Universidades jesuítas de países vizinhos são procuradas por alunos da UCA, confiscada na Nicarágua

Mais de 1,6 mil estudantes da UCA, confiscada este mês pela ditadura da Nicarágua, pleitearam em uma semana vagas em universidades jesuítas em outros países da América Central (Foto: EFE/Jorge Torres)

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Mais de 1,6 mil estudantes da Universidade Centro-Americana (UCA), que era vinculada à Companhia de Jesus e foi confiscada este mês pela ditadura da Nicarágua, pleitearam em uma semana vagas em universidades jesuítas localizadas em outros países da América Central.

Os pedidos de matrícula foram feitos nas universidades Simeón Cañas e UCA, ambas de El Salvador, e Rafael Landívar, da Guatemala, integrantes da Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (Ausjal), uma rede de 30 universidades jesuítas.

O número de pedidos de transferência foi divulgado pelo reitor da UCA de El Salvador, o padre Andreu Oliva, em entrevista ao jornal nicaraguense Confidencial. Ele afirmou que as instituições “estão classificando e pedindo dados individuais a todos os alunos”, mas afirmou que “há dificuldades em atendê-los rapidamente”.

Este mês, a ditadura de Daniel Ortega confiscou a UCA alegando que a universidade abrigava ações de “terrorismo”, o que foi negado pela direção da instituição. Dias depois, a ditadura sandinista cancelou o estatuto jurídico da Associação Companhia de Jesus da Nicarágua.

Na entrevista ao Confidencial, Oliva respondeu afirmativamente quando perguntado se a perseguição sandinista à UCA nicaraguense poderia ser comparada ao ataque terrorista em 1989 contra a instituição homônima em El Salvador, quando um comando do Exército assassinou o reitor Ignacio Ellacuría e vários jesuítas e leigos da universidade.

“Hoje não se usam bombas, talvez, nem assassinatos, mas da mesma forma se destrói uma universidade, como foi o caso da UCA na Nicarágua, porque, ao confiscar os seus bens e proibi-la de continuar a realizar o seu trabalho educativo, foi atingido o objetivo de acabar com a universidade”, afirmou o reitor.

“O que não foi feito em El Salvador, porque, apesar de terem sido muitos anos de ameaças e de terem sido assassinados seis dos seus dirigentes mais importantes, a universidade conseguiu seguir adiante e manteve-se fiel a esse legado dos mártires”, acrescentou o padre.

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