O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou na sexta-feira que no próximo dia 7 vai concretizar uma oferta unilateral para soltar alguns guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), como gesto para que os rebeldes libertem um grupo de reféns.
Uribe também defendeu a sua polêmica proposta para libertar políticos vinculados aos paramilitares em troca de que confessem a verdade e percam o direito de ocupar cargos públicos, o que ele disse ser um mecanismo para buscar a paz.
Essa proposta, que ainda deve tramitar no Congresso, atraiu fortes críticas da oposição, que acusou o presidente de querer libertar aliados políticos acusados de ligação com paramilitares de ultradireita.
O presidente descartou a hipótese de que a iniciativa seja aprovada por referendo, como propôs o procurador-geral Edgardo Maya, por causa do aparente conflito de interesses de vários legisladores suspeitos de ligação com paramilitares.
Uribe admitiu que a iniciativa beneficiaria políticos, mas também pecuaristas e empresários acusados recentemente por ex-comandantes paramilitares de ter apoiado esses esquadrões na sua luta contra as guerrilhas esquerdistas.
A Colômbia vive atualmente a pior crise política da sua história recente, com a prisão de dezenas de políticos, inclusive deputados, senadores e dois governadores, devido a vinculações com os paramilitares.
Uribe disse que no futuro a iniciativa pode beneficiar também pessoas que tenham tido ligações com a guerrilha.
Sobre a libertação dos guerrilheiros em 7 de junho, ele disse se tratar de "uma razão superior para a conveniência do Estado colombiano", mas não deu detalhes.
O presidente afirmou que pode haver acordo com a guerrilha para libertar os reféns com mediação da França, mas advertiu que não renunciará à possibilidade de um resgate militar.
As Farc mantêm sequestrados cerca de 60 reféns, que tentam trocar por guerrilheiros presos.
A guerrilha exige a retirada do Exército e da polícia de uma área de 780 quilômetros quadrados para que seus representantes se encontrem com os de Uribe na negociação do acordo -- uma condição que o governo rejeita.