A Colômbia nunca foi um país agressor dos seus vizinhos e o que procura com um novo acordo militar com os Estados Unidos é uma colaboração "prática" contra a violência interna que sofre, afirmou nesta sexta-feira (31) o presidente do país, Alvaro Uribe.

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Enquanto isso, o comércio entre Colômbia e Venezuela está "semiparalisado" na fronteira entre os dois países, por causa do aumento dos controles impostos pelas autoridades venezuelanas, após a decisão do governo de congelar as relações com a Colômbia. O governo venezuelano tomou a decisão nesta semana após a Colômbia denunciar que lançadores de foguetes que seriam de propriedade do Exército da Venezuela foram parar nas mãos da guerrilha das Forças Armadas revolucionárias da Colômbia (Farc).

Segundo empresários venezuelanos e colombianos, na região de fronteira do Estado de Táchira, na Venezuela, por onde passa 70% do fluxo de mercadorias entre os dois países, existem grandes filas de caminhões e o trânsito de pessoas foi limitado, disse o presidente da comissão de assuntos fronteiriços da maior câmara empresarial da Venezuela, Isidoro Teres.

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Existem "muitíssimos produtos perecíveis" como carne, leite e derivados e frangos, que poderão estragar se continuarem vários dias esperando que sua entrada na Venezuela seja autorizada, disse.

José Rozo, presidente da Federação das Câmaras de Empresas e do Varejo de Táchira, disse que começam a faltar alimentos nas cidades fronteiriças de San Antonio e Ureña, na Venezuela. Rozo anunciou que os empresários e habitantes das cidades na fronteira dos dois países farão em 5 de agosto uma passeata na ponte internacional Simón Bolívar em protesto contra o impasse dos dois governos. A Venezuela importa a maior parte dos alimentos que consome, muitos da Colômbia, seu segundo maior parceiro comercial. No ano passado, o comércio entre os dois países movimentou mais de US$ 7,2 bilhões em 2008.

Guerra das palavras

As declarações de Uribe foram publicadas pela revista Ahora e fazem parte de uma entrevista feita em 26 de julho, antes que o Chile e o Brasil mostrassem preocupações com a negociação entre os governos de Washington e Bogotá, que tem como objetivo permitir o uso de bases colombianas por militares americanos.

Não obstante, desde meados de julho o presidente venezuelano Hugo Chávez e seu colega equatoriano, Rafael Correa, criticam as negociações entre EUA e Colômbia, por considerar que se houver um pacto poderá haver uma desestabilização regional.

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A esse respeito, Uribe disse que "como nós dissemos, este acordo com os EUA pode ser chamado de uma fase melhorada do Plano Colômbia", ou o pacote de ajuda antidrogas e contra a guerrilha que Washington entrega a Bogotá desde 2000 e ao qual já destinou mais de US$ 6 bilhões.

"A Colômbia nunca foi um país agressor da comunidade internacional, ela recebe agressão do terrorismo interno", disse Uribe.

"Nosso grande problema é o terrorismo interno, essa é a razão da nossa luta e nestas relações internacionais precisamos ser pacientes", acrescentou Uribe, ao ser consultado sobre o que pensa fazer sobre as crises da Colômbia com a Venezuela e o Equador.

Uribe não nomeou nenhuma nação e nenhum dirigente de maneira particular.

A ministra de Informação da Venezuela, Blanca Eekhout, repetiu nesta sexta-feira que o governo colombiano atuou com "irresponsabilidade" no caso dos lançadores de foguetes, e assegurou que com esse incidente Bogotá tenta "justificar" a presença dos militares americanos em bases colombianas. Ela repetiu que existe uma "campanha de agressão a Venezuela" e que por trás dela estão os "falcões estadunidenses".

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Bogotá negocia com os EUA um acordo que dará acesso aos militares norte-americanos às bases colombianas durante 10 anos. Eles poderão operar em pelo menos três bases. O governo de Uribe ressalta que as operações se restringem ao uso do território colombiano e que não são bases norte-americanas, mas sim que pessoal militar dos EUA que usará instalações militares colombianas.

Há mais de uma década a Colômbia mantém uma estreita cooperação com os EUA na luta contra as drogas, limitada a uma presença de 1.400 empregados do Departamento de Defesa dos EUA e subcontratados na Colômbia. Segundo os colombianos, esse número não será alterado com o novo acordo. As informações são da Associated Press.