O presidente colombiano, Álvaro Uribe, prometeu ontem perseguir os responsáveis pela morte do governador de Caquetá, Luis Francisco Cuéllar, atribuída às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pelo governo de Bogotá.
"Demos instruções para que a operação militar adotada para resgatar o governador se mantenha para capturar os responsáveis por seu assassinato", disse Uribe.
Segundo o presidente, os US$ 500 mil oferecidos por informações sobre o paradeiro de Cuéllar agora serão entregues a quem ajudar a capturar seus assassinos que pertenceriam ao comando Teófilo Forero das Farc e teriam codinomes como "Huevo", "Valencia" e "Guevara". "Avançaremos com perseverança na derrota do terrorismo para livrar desse pesadelo as novas gerações de colombianos", disse Uribe.
Na noite de segunda-feira, dez homens armados invadiram com a ajuda de explosivos a casa de Cuéllar e o levaram em uma caminhonete. O veículo foi encontrado queimado numa zona rural de Florencia, capital de Caquetá, e, horas mais tarde, seu corpo apareceu, com ferimentos e cercado de explosivos.
Segundo autoridades colombianas, o que matou o governador foi um corte no pescoço, provocado por um machado. "Não dispararam contra ele, mas o degolaram para evitar barulho, porque já intuíam a operação das nossas Forças Armadas (na área)." A família do governador acredita que ele foi executado por ter se recusado a caminhar na selva (Cuéllar tinha problema num dos joelhos).
Eleição
O sequestro seguido de morte do governador na Colômbia marca a tentativa da guerrilha de mostrar força após importantes derrotas e, com isso, influir no debate pré-eleitoral no país. A avaliação é de analistas, que dizem que a ação pode ser um tiro pela culatra, por fortalecer a política de linha-dura contra as guerrilhas responsáveis por grande parte da aprovação de 80% a Uribe. O presidente colombiano ambiciona, mediante reforma constitucional, concorrer ao terceiro mandato em maio de 2010.
Carlos Velásquez, que dá aulas sobre o conflito armado na Universidade de La Sabana, diz que a radicalização das Farc beneficia Uribe num momento de disputa eleitoral, por justificar sua posição intransigente, mas é prejudicial no médio prazo "por colocar o país em um beco sem saída".