• Carregando...

O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe questionou nesta quarta-feira (23) em Buenos Aires a "falta de austeridade" na América Latina e pediu "memória" a seus detratores, durante uma palestra em que evitou falar sobre uma bomba localizada nesta terça-feira no teatro que sedia o evento.

Ao longo de uma exposição sem sobressaltos, Uribe evitou comentar o incidente desta terça-feira, quando membros das forças de segurança da Argentina desativaram uma bomba programada para explodir durante a palestra do ex-líder no teatro Gran Rex, no centro de Buenos Aires.

Uribe, que governou a Colômbia entre 2002 e 2010, preferiu fazer uma abordagem de seus anos no poder e de seu "modelo de segurança democrática". Enquanto isso, do lado de fora do teatro, manifestantes protestavam contra a presença do ex-presidente em Buenos Aires.

"Na América Latina, temos vantagens e riscos. Não podemos depender da economia de commodities. É preciso combiná-la com conhecimento. Além disso, os estados vivem com ideias de abundância e falta austeridade", ressaltou Uribe durante o simpósio WOM Leadership 2012.

Rodeado por um forte esquema de segurança, que incluiu dezenas de membros da polícia nos arredores do teatro, o ex-chefe de Estado também insistiu que o grande inimigo da Colômbia nas últimas décadas "foi o narcotráfico" e advertiu que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) se erigiram como "o cartel de drogas ilícitas mais poderoso do mundo".

Durante sua exposição sobre a "transformação da Colômbia", Uribe ressaltou ainda o projeto de segurança de sua gestão e reiterou que a luta contra as drogas foi "implacável" em seu governo, no qual, segundo ele, "foram desmobilizados 18 mil guerrilheiros e 35 mil paramilitares".

"Quando se ouve alguns cidadãos que me acusam de paramilitar, por que não acusam a memória? Os 14 principais líderes do paramilitarismo estão extraditados em prisões dos Estados Unidos", ressaltou Uribe.

A manifestação do lado de fora foi protagonizada por dezenas de colombianos residentes em Buenos Aires, apoiados por estudantes e grupos de esquerda, em rejeição à presença do ex-líder, a quem acusam de ser causador de mais de "62 mil desaparecimentos" e "cerca de 3 mil execuções extrajudiciais".

"Estamos convocando uma atividade em rejeição à presença de Uribe porque consideramos que foi uma figura nefasta para a Colômbia", disse à Agência Efe o manifestante David Zúñiga, da Assembleia de Estudantes Colombianos na Argentina.

O protesto transcorreu sem distúrbios e não afetou o desenvolvimento do simpósio, no qual Uribe também evitou comentar sua polêmica com o atual presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a quem, nesta segunda-feira, chamou de "arrogante" e acusou de impor a "impunidade" em seu país.

Em sua exposição, o ex-presidente também classificou como "um fracasso" o governo de Cuba, que "inicialmente viveu do subsídio soviético e, depois, do venezuelano". Ele enfatizou a necessidade de que os países tenham uma política "amável e não hostil" com as empresas privadas.

Em relação à tentativa de atentado, o juiz responsável pela investigação do caso, Norberto Oyarbide, expressou alívio com a descoberta da bomba. "É um fato muito grave. Com a graça de Deus não produziu consequências, que teriam sido absolutamente imprevisíveis".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]