O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, rejeitou nesta terça-feira a possibilidade de trazer atores internacionais para o processo de paz com a guerrilha Farc, pois isso daria "oxigênio" aos rebeldes.
Para Uribe, que deixa o cargo em 7 de agosto, após oito anos como presidente, a guerrilha ainda pode voltar a ameaçar, apesar das derrotas que seu governo impôs aos rebeldes.
"Cuidado ao afrouxar a nuca da cobra, porque ela está meio adormecida, mas se lhe afrouxamos o pescoço ela volta a tomar oxigênio", disse num ato de despedida no Ministério da Defesa, usando sua habitual linguagem metafórica.
A declaração ocorre num momento de crise com a Venezuela por causa da acusação de Uribe de que o governo socialista de Hugo Chávez seria tolerante com a presença de 1.500 guerrilheiros colombianos no território venezuelano. Chávez reagiu rompendo relações diplomáticas com Bogotá.
A Colômbia solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que envie uma comissão para analisar as denúncias, e insistiu que seu objetivo não é confrontar o país vizinho, e sim acabar com a guerrilha comunista.
"Só exigimos da comunidade internacional cumprir as normas internacionais que nós cumprimos, que são as de não albergar o terrorismo e combatê-lo", disse Uribe.
"É preciso conscientizar o país de que não nos vão enganar, nós sabemos como conduzir processos de paz e ser generosos com 53 mil (guerrilheiros já) desmobilizados, mas sabemos que quando a cobra do terrorismo sente que está asfixiada, aí mesmo que pede processos de paz, para tomar oxigênio e voltar a envenenar", acrescentou.
Para Uribe, a guerrilha quer "internacionalizar a solicitação de oxigênio... a solicitação de que levantemos essa forquilha, e nessa armadilhazinha não vamos cair."
Embora Uribe diga que os rebeldes perderam quase metade da sua capacidade em uma década, os guerrilheiros ainda controlam regiões remotas onde, segundo o governo, se financiam com a produção e tráfico de drogas.