Brasília - O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pediu reunião de emergência com o presidente Lula, em Brasília. Para atendê-lo na quinta-feira, o brasileiro desmarcou viagens ao Maranhão e Piauí, onde faria inaugurações e vistoria de obras. Uribe quer conversar sobre o plano para incrementar a presença militar dos EUA em seu país, ideia que gerou um mal-estar diplomático na região.
Avisado que o plano será debatido pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Uribe se recusou a participar da reunião agendada para a próxima segunda em Quito. E pediu um encontro reservado com Lula para tratar do tema.
Além do Brasil, Uribe também deve ir nesta semana à Argentina, Peru, Chile e Paraguai para conversar com seus colegas sobre o plano. Ele ainda quer se reunir com Evo Morales (Bolívia) e Tabaré Vázquez (Uruguai), mas ainda não marcou as viagens.
Ficarão fora da ofensiva diplomática a Venezuela e o Equador. A primeira congelou as relações com Bogotá após ser publicamente cobrada sobre o encontro de armas do seu Exército com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) o presidente Hugo Chávez qualificou a denúncia de "cortina de fumaça para desviar a atenção da discussão sobre as bases. O segundo não mantém relações diplomáticas com a Colômbia desde o ataque pelo Exército colombiano a um acampamento das Farc em seu território, em 2008, e se vê em meio a denúncias de ligação da guerrilha com o presidente Rafael Correa.
Na visita ao Brasil, Uribe tentará acalmar as preocupações externadas pelo país ao acordo com os EUA. Em entrevista, o chanceler Celso Amorim disse que o uso de bases militares da Colômbia pelos Estados Unidos causa preocupação e reclamou que não houve consulta prévia aos vizinhos.
Na semana passada, Lula se disse contrário à instalação de bases americanas no país vizinho. "Não me agrada mais uma base na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o Uribe desse palpite nas coisas que eu faço, prefiro não dar palpite nas coisas do Uribe. Na ocasião, o presidente disse que o fórum ideal para tentar solucionar o impasse seria a reunião da Unasul.
Como Uribe cancelou a ida ao Equador, as chancelarias de Brasil e Colômbia acertaram ontem pela manhã a viagem a Brasília. A visita se dará no dia seguinte à passagem do assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jim Jones, por Brasília.
Hoje, Jones se reúne com os ministros Édison Lobão (Minas e Energia), Nelson Jobim (Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil), além do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Amanhã, será recebido por Amorim.
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