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Máquinas contestadas

Urnas eletrônicas nos EUA enfrentam ceticismo nas eleições de meio de mandato desta semana

Tela inicial sensível ao toque de urna eletrônica da Califórnia diz "bem-vindo à eleição geral de 8 de novembro de 2022. Toque no círculo para iniciar". Foto de 1º de novembro registra abertura do voto precoce. (Foto: EFE/EPA/ETIENNE LAURENT)

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A um dia das eleições de meio de mandato americanas, as empresas que produzem urnas eletrônicas no país enfrentam o ceticismo da base do Partido Republicano, especialmente entre os apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Segundo a agência de notícias Reuters, protestos contra as urnas eletrônicas nos estados de Nevada, Arizona, Pensilvânia, Dakota do Sul e Minnesota tiveram sucesso localmente em fazer as autoridades instituírem contagem à mão como uma checagem da tabulação automatizada de empresas como Dominion e ES&S.

Em um condado de Nevada, urnas da Dominion com telas sensíveis ao toque foram rejeitadas por unanimidade pelos membros da comissão eleitoral. Com a medida, a empresa deixa de ganhar mais de US$50 mil (R$254 mil) anuais do condado em manutenção e outros serviços. Alvo de acusações de fraude da campanha de Trump em 2020, ela não quis comentar sua saúde financeira nos últimos dois anos ou dar detalhes de sua resposta às campanhas atuais de descrédito, mas disse à Reuters que tem atuado ativamente na “refutação de mentiras perigosas espalhadas contra nós”.

O próprio Trump alegou no Twitter, dias após a votação em novembro de 2020, que a Dominion havia “deletado” alguns votos e “convertido” outros em votos para Biden. A empresa iniciou oito processos por difamação contra aliados do ex-presidente e publicações conservadoras. Em um tribunal do estado de Delaware, está pedindo que a Fox News pague US$1,6 bilhão (R$8,13 bilhões) em indenização por supostas alegações falsas sobre a tecnologia da Dominion.

A Fox rebateu que o processo seria uma tentativa ultrajante de deter seu jornalismo. O julgamento está previsto para abril de 2023. Outra estratégia da Dominion foi contratar como consultor um ex-governador Republicano de Nevada, Robert List, que tem sido a face pública da empresa em encontros com o público. Ele se diz apoiador de Trump e comenta que sua derrota “não foi culpa das máquinas”.

Já a empresa ES&S disse que não perdeu clientes por causa dos protestos e declarou que “as jurisdições continuam a buscar [nosso] apoio confiável para suas eleições”. Apesar da relutância de ambas a comentar sua situação financeira, a firma especializada em dados corporativos PrivCo informou que Dominion e ES&S aumentaram seus lucros em 2021. As empresas fazem demonstrações públicas e afirmam que não são controladas por estrangeiros e que suas máquinas não acessam a internet, dois dos pontos repetidos em boatos.

A disputa contra os “sistemas eletrônicos de votação” envolve campanhas de candidatos a governador ou secretário de estado no Arizona, Michigan, Nevada e Pensilvânia. Autoridades eleitorais relatam ter sido alvo de centenas de mensagens contendo ameaças. Ativistas que acreditam que a vitória do presidente Joe Biden foi fraudulenta já foram pegos tentando ganhar acesso ao equipamento de votação em 18 ou mais incidentes de segurança desde as eleições de 2020.

Na última quinta (3), um homem do Colorado, no meio-oeste americano, foi preso sob suspeita de tentar fraudar uma urna eletrônica com um pendrive de porta USB. Richard Patton, de 31 anos, tem registro como eleitor do partido Democrata. A tentativa teria acontecido em junho passado, nas primárias do partido. As autoridades locais disseram à Associated Press que o incidente não alterou resultados e que os dados eleitorais não foram acessados. As máquinas disparam um mecanismo que as tornam inoperáveis quando há tentativa de manipulação, como aconteceu no caso. Foi a primeira prisão sob uma nova lei do estado que tornou a punição mais severa e expandiu o escopo da definição de “adulteração”.

No estado da Louisiana, uma lei de 2021 criou uma comissão de sistemas de votação para avaliar as suspeitas contra urnas eletrônicas e sistemas automáticos de tabulação. A lei também baniu um tipo de urna eletrônica que não imprime um recibo auditável. Nesse estado, uma das principais influências é o empresário trumpista Mike Lindell, da empresa de travesseiros e colchões MyPillow. Ele quer que o estado remova todas as máquinas do processo eleitoral e volte a usar exclusivamente cédulas de papel. Em resposta, a Dominion lançou uma campanha de relações públicas na Louisiana avaliada em US$100 milhões (R$508,2 milhões).

Nas eleições de meio de mandato esta semana serão eleitos 435 representantes, a totalidade da uma das casas do parlamento, e um terço de 100 senadores, além dos governadores de 34 dos 50 estados americanos. Segundo a Verified Voting, uma organização que monitora tecnologias eleitorais, 70% dos eleitores americanos vivem em locais que usam cédulas de papel nas urnas. Essas cédulas são contadas por leitores eletrônicos ou, em casos raros, são contadas à mão. Um quarto dos americanos votam em máquinas que marcam o voto fisicamente em cédulas de papel, que são recibos auditáveis. Votos em urnas eletrônicas comparáveis às brasileiras são só 7% do total. Elas podem ou não emitir recibos auditáveis.

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