José Mujica, que deixa a Presidência do Uruguai com altos índices de popularidade, deverá eleger o sucessor| Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Números

Pesquisas apontam vantagem governista, mas sem favoritismo

Reuters

De acordo com pesquisas divulgadas na última quarta-feira, o ex-presidente Tabaré Vázquez obteria, no um primeiro turno, entre 44% e 46% dos votos pela Frente Ampla, enquanto Lacalle Pou, do Partido Nacional, somaria entre 31% e 33% , e Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, obteria entre 14% e 16%. Caso se confirmem esses resultados, a eleição seria decidida somente no segundo turno.

Nesse cenário, o diretor da Cifra, Luis Eduardo González, adiantou que Vázquez não é o favorito para vencer a eleição. "Eu diria que está meio a meio", explicou. "A política de alianças dos candidatos que passarem para o segundo turno e o tom da campanha durante o mês de novembro serão decisivos para determinar quem será o próximo presidente dos uruguaios", disse o diretor da Equipos Consultores, Ignacio Zuasnabar.

As pesquisas apontam ainda que dificilmente serão conquistadas maiorias no Parlamento, o que encerrará o período em que o partido do governo contou com o respaldo do Legislativo.

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Continuidade

Vázquez ofereceu aos eleitores continuidade, assegurando que deixará a economia no mesmo rumo dos últimos dez anos, e alguma tênue reforma em políticas educativas e de segurança, os dois temas que mais preocupam os uruguaios.

Positivismo

De aparência jovem, Lacalle Pou baseou sua empreitada para ganhar a presidência em fazer ações "pelo positivo" – lema de campanha –, e, ajudado por grupos entusiastas, apostou em oferecer propostas aos eleitores antes de criticar duramente os oponentes.

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Mais de 2,6 milhões de uruguaios estão convocados às urnas no próximo domingo para escolher o futuro presidente e definir a formação do Parlamento, em pleito de votação obrigatória e que certamente terá um segundo turno.

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O ex-presidente Tabaré Vázquez (2005–2010), da coalizão governista de esquerda Frente Ampla, tende a ser o vencedor, segundo as últimas pesquisas, que atribuem a ele 43% dos votos. Porém, não chegará à maioria necessária para ganhar a presidência no primeiro turno.

Em segundo lugar aparece o deputado Luis Lacalle Pou, do conservador Partido Nacional, principal força da oposição (com pouco mais de 30%), e, bem atrás (15%), o senador Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, tradicionalmente governante no Uruguai, mas agora segunda força da oposição. Pablo Mieres é o candidato do Partido Independente, o quarto com representação parlamentar, embora apenas testemunhal (3%). Também aspiram à Presidência Gonzalo Abella, da Unidade Popular, César Vega, do Partido Ecologista Radical Intransigente, e Rafael Fernández, do Partido dos Trabalhadores.

Tudo parece indicar que Vázquez e Lacalle Pou irão disputar o segundo turno no dia 30 de novembro. Além disso, os uruguaios comparecerão a 6.948 centros de votação de todo o país para definir a integração do futuro Parlamento, formado por 31 senadores, incluindo o vice-presidente da República, e 99 deputados representantes dos 19 departamentos.

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Coalizão

A maior quantidade de votos, mais de um milhão, se concentra na capital Montevidéu, bastião da Frente Ampla.

A coalizão de esquerda, que agrupa uma dúzia de partidos, entre socialistas, comunistas, marxistas, social-democratas, independentes e os ex-guerrilheiros tupamaros do presidente José "Pepe" Mujica, tem atualmente a maioria tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, mas esse cenário corre risco de mudar.

O vencedor das eleições receberá o comando presidencial em 1.º de março de 2015 das mãos de Mujica, que deixará a Presidência uruguaia com altos níveis de popularidade em um país onde a reeleição é proibida pela Constituição.

Vázquez põe à prova prestígio e experiência

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Tabaré Vázquez, o reputado oncologista que em 2004 tornou-se o primeiro governante de esquerda do Uruguai, concorrerá de novo à Presidência com a Frente Ampla (FA), desta vez em uma eleição na qual sua experiência e seu prestígio serão explorados ao máximo diante do crescimento de adversários mais próximos.

Imperturbável, seguro de si e das possibilidades do partido, ele manteve distância dos rivais – negou-se a debater com eles durante toda a campanha.

Vázquez centrou a candidatura nas conquistas obtidas pelo Uruguai nos últimos anos de governo e no medo de que um triunfo da oposição frustre os projetos em que o país embarcou.

Lacalle Pou propõe "sopro de ar fresco"

Luis Lacalle Pou, o jovem líder do conservador Partido Nacional, tornou-se o candidato capaz de destronar a governista Frente Ampla, após chegar à campanha como um "sopro de ar fresco", como o nome de seu partido político (Aire Fresco), e subir nas pesquisas.

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Filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990–1995), o candidato é advogado de profissão, apesar de a política ter sido seu principal campo de atuação desde que entrou no Parlamento como deputado, em 2000.

Desde que se lançou candidato, Lacalle Pou não deixou de crescer nas intenções de voto até o ponto de dar por certa sua passagem ao segundo turno.