O presidente Vladimir Putin levou seis anos e gastou mais de US$ 11 bilhões preparando uma dezena de cidades russas para sediar a Copa do Mundo, o maior evento desse tipo realizado desde o colapso da União Soviética.
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Enquanto milhões de fãs se espalham pela Rússia europeia nas próximas quatro semanas, o Kremlin espera mostrar um rosto mais amistoso e quebrar parte do isolamento internacional que a Rússia sofreu nos últimos anos desde que anexou a Crimeia, território ucraniano, em 2014. De Ecaterimburgo, nos Urais, a Kaliningrado, no Mar Báltico, o campeonato chega a cidades que poucos visitantes estrangeiros conheciam.
Ainda assim, por mais alto que seja o investimento, economistas dizem que o esforço não será suficiente para gerar uma grande diferença na economia russa de quase US$ 1,5 trilhão. A agência de classificação de riscos Moody's informou no mês passado que qualquer incremento será limitado e de curta duração, bem menos que o impulso dado pelos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, que custou para o país US$ 50 bilhões - investimento recorde para o evento. Economistas dizem que o melhor que a Rússia pode esperar para este período é uma modesta valorização do rublo, moeda local.
O que vai determinar o retorno para os investimentos de Putin é se a Copa do Mundo for uma atração suficiente para impulsionar o turismo em cidades menores como Saransk - alvo de piadas até mesmo na Rússia - e Samara após o término do torneio.
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"Aumentar o valor da marca da Rússia com um evento esportivo aconchegante, pacífico e divertido" pode ajudar a proporcionar um efeito mais duradouro ao sediar a Copa do Mundo, disseram analistas do UBS Group em maio. "Infelizmente, anos de esforços e financiamentos podem ser perdidos em um piscar de olhos quando se trata de reputação, como mostram recentes tensões geopolíticas".
Boicote não pegou
No início deste ano, o governo britânico anunciou um boicote político da Copa do Mundo para protestar contra o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e de sua filha, Yulia Skripal. A primeira-ministra Theresa May descartou a participação de políticos e membros da realeza britânicos, mas, apesar do mal-estar internacional em relação ao presidente Vladimir Putin, o boicote britânico não pegou. Na verdade, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, indicaram que viajarão à Rússia para participar de jogos de suas equipes, caso elas avancem no campeonato.
A realização de uma campeonato de sucesso "contribuirá para aliviar o isolamento da Rússia na Europa", disse Vladimir Frolov, um ex-diplomata russo que agora é analista de política externa em Moscou.