Milhares de usbeques étnicos aglomerados na fronteira entre o Quirguistão e o Usbequistão recusavam-se a voltar para suas casas neste domingo (20). Eles alegam temer por suas vidas depois dos massacres ocorridos recentemente e dizem desconfiam que as tropas quirguizes os protegeriam.
Repórteres da Associated Press viram mais de 50 soldados quirguizes, muitos deles em veículos blindados, entrarem no povoado de Suratash numa tentativa de convencer os refugiados de que é seguro voltar para casa.
Ainda assim, a presença dos militares assusta as famílias de usbeques étnicos que sobreviveram aos ataques de quirguizes étnicos. Os usbeques acusam as tropas do Quirguistão de participação nos episódios de violência que deixaram centenas de mortos e centenas de milhares de desabrigados.
"É claro que estamos com medo. Temos medo porque foram eles, os soldados, que abriram fogo", disse Maplyuba Akhmedova, uma usbeque que deixou sua Casa Branca
Povoados inteiros habitados por usbeques no sul do Quirguistão foram reduzidos a ruínas por turbas de quirguizes étnicos. Quase a metade dos cerca de 800.000 usbeques da região fugiram. A presidente interina do Quirguistão, Roza, Otunbayeva, disse que o número de mortos pode chegar a 2.000.
No Vaticano, o papa Bento XVI pediu que as comunidades do Quirguistão renunciem à violência e resistam a todas as provocações para que a paz e a segurança possam ser rapidamente restauradas no sul do país.
O pontífice também alertou a comunidade internacional para que garanta ajuda humanitária, de modo que chegue depressa àqueles que sofrem na região, que pertenceu à antiga União Soviética. O papa expressou tristeza e ofereceu orações pelas vítimas, durante sua fala neste domingo, na Praça de São Pedro.
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