Drones civis representam “uma ameaça crescente”, já que é possível que os aparelhos sejam usados por terroristas, grupos criminosos e cartéis de drogas para realizar ataques nos EUA, afirma Chris Wray, diretor do FBI, a um comitê do Senado.
"Grupos terroristas poderiam facilmente adaptar suas táticas de ataque para usar drones ‘armados’”, disse Wray em um depoimento escrito durante uma audiência do Comitê de Segurança Interna e Assuntos Governamentais do Senado dos Estados Unidos.
Os comentários de Wray – os mais contundentes que ele já fez até hoje sobre a ameaça de drones – ocorrem em um momento em que agências de segurança e do departamento de segurança interna dos EUA acabam de obter autoridade legal para monitorar comunicações via drones e desativá-los em casos extremos. As medidas anti-drone estão contidas em um projeto de lei assinado pelo presidente Donald Trump no dia 2 de novembro.
"O FBI avalia que, considerando a disponibilidade dos drones no varejo, pouca ou nenhuma exigência de verificação de identidade para adquirir o produto, facilidade de uso geral e uso prévio no exterior, os aparelhos poderiam ser usados em um ataque contra os EUA, incluindo, até mesmo, um ataque em massa”, disse Wray.
A rápida expansão do mercado de drones civis provocou otimismo de que o objeto trará vantagem econômica para agricultores, empresas de serviços públicos e de entrega. Em maio, a administração Trump revelou dez plataformas de experimento para a nova tecnologia. O governo prevê que até o fim deste ano a frota total de drones pequenos dos EUA chegue a 1,6 milhão.
Ao mesmo tempo, no entanto, as crescentes preocupações sobre o uso criminoso e terrorista dos dispositivos acabaram retardando os planos do governo em relação a regras de voo mais amplas.
A Administração Federal de Aviação havia planejado, no final de 2016, propor uma estrutura legal inédita para a permissão de voos de rotina sobre pessoas. A ação, porém, foi bloqueada depois que o FBI e o Departamento de Segurança Interna demonstraram preocupações. Como resultado, o governo está elaborando regulamentações que exigirão que a maioria dos dispositivos tenha a identificação e localização informadas para que possam ser rastreados pelas autoridades.
Wray disse que o FBI também observou "repetidas e dedicadas" tentativas do Estado Islâmico, grupo também conhecido como ISIS, e da Al Qaeda de usar drones em ataques. Gangues criminosas como a Mara Salvatrucha (MS-13) – grupo formado principalmente por salvadorenhos - e os cartéis de drogas mexicanos também já usaram os dispositivos.
Drones também teriam sido usados em uma suposta tentativa de assassinar o ditador venezuelano Nicolás Maduro em agosto deste ano.
Segundo Wray, o FBI interrompeu pelo menos uma tentativa de uso de drones em um ataque nos EUA. Em 2012, um homem de Massachusetts foi condenado a 17 anos de prisão por tentar atacar o Pentágono e o Capitólio dos EUA usando aviões a jato.