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Venezuela

Após profissionais de saúde, chavistas terão prioridade na imunização contra Covid

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Funcionários do aeroporto venezuelano descarregam pacotes contendo 100.000 doses da vacina russa Sputnik V contra a Covi-19 no aeroporto internacional Simon Bolivar em La Guaira, Venezuela, em 13 de fevereiro de 2021 (Foto: YURI CORTEZ/AFP)

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A Venezuela começou nesta quinta-feira (18) seu programa de vacinação contra Covid-19. Segundo o ditador Nicolás Maduro, os primeiros imunizados com a vacina russa Sputnik V serão os profissionais de saúde. A lista de prioridades, no entanto, inclui burocratas do regime, militares e deputados – a maioria ligada ao chavismo.

A Venezuela tem cerca de 1 milhão de profissionais de saúde, de acordo com organizações médicas. Segundo Maduro, eles serão os primeiros a serem vacinados. No entanto, os grupos que vêm depois é que chamam a atenção. A lista de prioridades do governo inclui "pessoas com funções sociais que protegem a população nas ruas", segundo o ditador.

Na prática, os vacinados serão agentes das forças de segurança, militares e altas autoridades governamentais, incluindo os 277 deputados da Assembleia Nacional, dos quais 92% são ligados ao chavismo, eleitos nas eleições de 6 de dezembro, que a oposição afirma terem sido fraudadas.

Segundo Maduro, ele e sua mulher, Cilia Flores, que também é deputada, deveriam ser vacinados o quanto antes. "Ainda vamos decidir o momento em que nós (Maduro e Cilia) seremos vacinados" afirmou o presidente, antes de rasgar elogios à Sputnik V, que segundo ele "é a melhor vacina do mundo".

O objetivo do regime chavista é vacinar 70% da população venezuelana até o final do ano. Na semana passada, Maduro confirmou a chegada de 100 mil doses da Sputnik V e está em negociações para comprar mais vacinas usando recursos congelados pelo programa de sanções dos EUA. Até agora, o chavismo comprou um total de 10 milhões de doses da vacina russa, pelas quais teria pagado US$ 200 milhões, segundo informou o próprio Maduro. O anúncio foi criticado ontem pela oposição.

"Os critérios para a aplicação da vacina devem priorizar o setor saúde e os idosos, não aqueles que sequestram o poder como o ditador pretende fazer", escreveu no Twitter o líder opositor e presidente interino Juan Guaidó, que não deixou passar o dinheiro gasto com a Sputnik. "O custo da vacina russa é inferior a US$ 10 (por dose). Se a ditadura diz que investiu US$ 200 milhões para trazer 10 milhões de doses, estamos falando que cada vacina custou US$ 20."

Outras vozes da oposição também criticaram a politização da vacina. "Exigimos que a população da Venezuela seja vacinada, começando pelos mais vulneráveis ao coronavírus, com critérios internacionais que não seja usado politicamente", disse a ex-deputada de oposição Dinorah Figuera.

Os números oficiais mostram que a Venezuela teve um total de 134.319 casos de covid-19 e 1.297 mortes. No entanto, especialistas e líderes da oposição afirmam que o número é muito maior. O falido sistema de saúde venezuelano é um reflexo da crise econômica vivida pelo país. Médicos e enfermeiros frequentemente reclamam dos baixos salários e das más condições de trabalho nos hospitais públicos, que sofrem com a falta de água, energia e remédios. No hospital Miguel Perez Carreno, no oeste de Caracas, 150 enfermeiras - 90% do total - não compareceram ao trabalho ontem em protesto contra o salário de apenas US$ 3 (pouco mais de R$ 16) por mês.

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