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Ví­timas do terremoto no Haiti fazem fila para pegar água em Porto Príncipe.
Bebê que sobreviveu à tragédia chora no Haiti
Um soldado das forças de paz brasileiras no Haiti observa os corpos serem despejados em uma vala nos arredores de Porto Príncipe
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Nesta quinta-feira, trabalhadores cavaram valas comuns ao norte de Porto Príncipe, onde deverão ser enterrados os corpos de mais 10 mil pessoas, ao mesmo tempo em que trabalhadores humanitários alertavam que muitos haitianos estão morrendo pela falta de cuidados médicos. Cerca de 2 milhões de pessoas estão desabrigadas.

Nesta quinta-feira o Haiti também foi atingido por mais dois terremotos secundários, de 4,8 e de 4,9 graus na escala Richter, informou o Centro de Sismologia dos Estados Unidos. Ambos ocorreram perto de onde os tremores anteriores foram registrados e a uma profundidade de cerca de 10 quilômetros, informou o site do Centro de Sismologia dos Estados Unidos (USGS, US Geological Survey). Segundo o site, os tremores ocorreram a cerca de 40 quilômetros a oeste-sudoeste da capital Porto Príncipe. Não existem informações sobre mais danos ou vítimas.

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Muitas pessoas estão morrendo todos os dias no Haiti, pela falta de medicamentos e assistência, após o violento terremoto no dia 12. O alerta foi feito nesta quinta-feira por funcionários de entidades humanitárias.

Itens como água e alimentos começaram a ser mais bem distribuídos para as vítimas do terremoto. Além disso, um navio dos Estados Unidos equipado com um hospital começou a ajudar a tratar os pacientes. Apesar disso, muitas pessoas ainda precisam de medicamentos e essa carência tem resultado em mortes todos os dias. Milhares de feridos, alguns com gravidade, têm esperado às portas de qualquer hospital ou clínica improvisada, implorando por tratamento.

No lado de fora do principal hospital do país, na quarta-feira, guardas armados com tanques acalmavam a multidão. Dentro do prédio, dezenas de pacientes se recuperavam de cirurgias em leitos improvisados. Muitos sofreram amputações e há vários relatos de cirurgias desse tipo sem anestesia no país. Os visitantes tinham que usar máscaras, para não sentir o forte cheiro nem sofrer com a poeira no ambiente.

Mais de mil pessoas esperam por uma cirurgia nesse hospital, contou Andrew Marx, porta-voz do Partners in Health, grupo de auxílio sediado nos EUA, que atua no Haiti há duas décadas. Na terça-feira, o Partners in Health informou em seu site que até 20 mil pessoas podem estar morrendo todos os dias no Haiti, com infecções como gangrena e septicemia. O grupo alertou que pode morrer tanta gente nos dias seguintes ao terremoto quanto as vítimas do próprio tremor.

"Dezenas de milhares de vítimas do terremoto precisam de cuidado cirúrgico emergencial agora", alertou o grupo em seu comunicado online. A entidade pediu um grande esforço para impedir mais casos de gangrena e outras infecções que matam.

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A ministra das Comunicações do Haiti, Marie-Laurence Jocelyn Lassegue, negou que muitos haitianos estejam morrendo todos os dias. Ela lembrou que já há sete centros médicos em funcionamento e o hospital geral está operando. Questionada sobre a estimativa de 20 mil mortos por dia, ela disse que o número era "muito alto". O subsecretário-geral da ONU John Holmes também considerou o número exagerado.

Há relatos sobre alguns salvamentos heroicos, dias após o terremoto, de pessoas que passaram muito tempo sob os escombros. Esses sobreviventes, porém, podem morrer nos próximos dias caso não tenham tratamento adequado.

O grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF), com mais de 700 funcionários atuando em vários hospitais do Haiti, afirmou que um dos grandes problemas é a falta de habilidade de muitos agentes para tratar pacientes com a chamada "síndrome do esmagamento". Esse problema ocorre quando o tecido do músculo danificado libera toxinas na corrente sanguínea, capazes de causar falência renal e matar. Essa condição é tratada com máquinas de hemodiálise. Duas dessas máquinas estavam em aviões de carga do MSF, que foram impedidos três vezes de chegar ao país no domingo pelo aeroporto internacional de Porto Príncipe.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU também alertou que não está chegando comida suficiente para os 3 milhões de haitianos passando necessidades. Além da fome e das doenças, pode haver mortes por água contaminada, choques nas linhas elétricas danificadas e acidentes nos escombros.

As estimativas sobre o número de mortos variam bastante. O governo haitiano afirma que entre 100 mil e 200 mil pessoas devem ter morrido na tragédia, mas autoridades locais já disseram que esse número poderia ser inclusive maior.

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Realocação no interior

Funcionários do Haiti afirmaram, nesta quinta-feira, que estavam realocando milhares de pessoas desabrigadas pelo violento terremoto do dia 12 no país. Essas pessoas estão sendo levadas para vilas rapidamente construídas, que podem receber pelo menos 10 mil pessoas cada.

"O governo disponibilizou para as pessoas transporte gratuito. Uma grande operação está ocorrendo: nós estamos no processo de realocar os sem-teto", disse o ministro de Interior haitiano, Paul Antoine Bien-Aime.

Funcionários disseram que o governo está pagando pelo menos 34 ônibus para levar as vítimas para o sul e o norte do país, tirando-as de Porto Príncipe. A capital foi em grande parte destruída, pelo terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter.

Não está claro onde essas pessoas terão que ficar por fim, mas funcionários disseram que já começaram o processo para identificar locais para as vilas.

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ONU

Um porta-voz da ONU afirmou que o número de funcionários da entidade mundial que morreram no terremoto no Haiti subiu de 49 para 61. Ainda estão desaparecidos quase 180 funcionários da entidade, a maioria haitianos, informou o porta-voz.