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Pessoas caminham na estação ferroviária em Xangai, China, 29 de julho de 2021| Foto: ALEX PLAVEVSKI/Agência EFE

Mais de 350 casos de Covid-19 foram identificados em 27 cidades da China nos últimos dez dias, inclusive em Wuhan, onde a doença surgiu no fim de 2019. Apesar de o número oficial ser pequeno em comparação a outras nações, este é o maior surto registrado na China desde o segundo trimestre do ano passado.

Especialistas em doenças respiratórias do país afirmam que o aumento de infecções está relacionado à propagação da variante Delta do novo coronavírus, identificada pela primeira vez na Índia. Como resposta, o regime chinês iniciou testagens em massa e impôs restrições nas áreas atingidas.

Na maioria das cidades, os casos estão relacionados a um surto em Nanquim, capital da província de Jiangsu, que começou por volta da segunda semana de julho entre trabalhadores que fizeram a limpeza de um avião vindo da Rússia. Com a propagação da doença, as autoridades locais testaram todos os 9,2 milhões de habitantes da cidade e impuseram lockdown para centenas de milhares de moradores. O presidente do Aeroporto Internacional de Nanquim foi demitido.

Na cidade vizinha de Yangzhou, segundo informou o South China Morning Post, o governo chegou a ofertar cinco mil yuans (quase R$ 4 mil) como recompensa para denúncias sobre pessoas que possam ter viajado para áreas de médio ou alto risco de transmissão de Covid-19 e que ainda não foram contatadas pelos funcionários da saúde.

No fim de semana, casos foram registrados longe dali, em Zhangjiajie, na província de Hunan, um popular destino turístico chinês. Autoridades de saúde acreditam que turistas de Nanquim, que visitaram recentemente a cidade, podem ter levado a doença para lá, por isso, ordenaram o fechamento da cidade para viajantes. O teatro de Zhangjiajie é o principal foco de investigações e rastreamento de contatos. Em uma única apresentação, o local recebeu dois mil espectadores, segundo a imprensa.

Em Pequim, apenas quatro casos foram identificados até agora, todos relacionados com o surto em Zhangjiajie. Ainda assim  – e apesar de 82% da população estar vacinada com duas doses – a cidade está em alerta e as autoridades cancelaram viagens de avião, trem e ônibus para a capital chinesa que saiam de cidades onde casos foram identificados.

Funcionários do governo e de empresas estatais que moram na capital estão proibidos de viajar para locais de surto, e qualquer morador de Pequim que esteja em alguma dessas cidades terá que fazer uma quarentena de 14 dias antes de voltar e apresentar um teste negativo para Covid-19 antes de embarcar no avião ou trem.

De acordo com o secretário do Partido Comunista em Pequim, Cai Qi, Pequim deve ser “protegida a todo custo” com as medidas mais rápidas e rígidas e ações mais decisivas, informou o South China Morning Post.

Outras cidades chinesas também estão impondo restrições de circulação, como é o caso da cidade de Zhuzhou, em Hunan, onde os moradores foram ordenados a ficar em casa por um período de três dias, com exceção dos trabalhadores essenciais.

O novo surto também levantou questões sobre a eficácia das vacinas chinesas contra a variante Delta, já que havia pessoas imunizadas entre os casos identificados. Diante da desconfiança, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China garantiu que as doses que vêm sendo aplicadas no país “continuam demonstrando bons efeitos preventivos e protetores contra a variante”.

"As descobertas disponíveis sugerem que a variante Delta pode diminuir a proteção das vacinas contra a Covid-19, mas as vacinas atuais ainda podem ter bons efeitos preventivos e protetores contra a cepa", disse Feng Zijian, pesquisador do CDC chinês ao jornal estatal People’s Daily.

Ele afirmou também que estima-se que a variante Delta seja quase duas vezes mais transmissível que a cepa original, se espalha muito mais rápido e tem maior probabilidade de induzir sintomas graves entre os pacientes.

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