O Vaticano buscou amenizar a tensão com a Organização das Nações Unidas (ONU) ontem, depois do relatório que acusou a Igreja de encobrir casos de abuso sexual de crianças por padres.
Em resposta às críticas duras feitas na quarta-feira pelo Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, declarou que o comitê se afastou de suas atribuições e que desacredita as ações da própria ONU ao adotar posições preconceituosas de grupos anticatólicos.
Lombardi criticou o que chamou de publicidade "anômala" que o comitê deu ao relatório e prometeu uma resposta mais completa nos próximos dias.
O relatório acusou a Igreja de dar mais importância a sua reputação do que aos direitos das crianças e reivindicou que o Vaticano entregue os agressores suspeitos à Justiça.
O Vaticano planejou inicialmente se silenciar, de acordo com uma pessoa familiar com o tema, mas respondeu as exigências do relatório de que a Igreja deveria reduzir a oposição ao aborto, à contracepção artificial e ao comportamento homossexual.
A troca de farpas deu a impressão de que a Igreja e as Nações Unidas poderiam ter o seu maior conflito em décadas, mas Lombardi disse que não havia racha com a organização internacional.
"Não é o caso de haver um confronto entre a ONU e o Vaticano", afirmou ele, em comunicado. "A Santa Sé sempre deu um forte apoio moral às Nações Unidas."
Apesar disso, Lombardi repetiu as críticas iniciais do Vaticano ao relatório, dizendo que o documento era injusto e tendencioso.
Ele declarou que os comentários sobre aborto, contracepção e homossexualidade foram além da alçada do comitê e são uma tentativa de interferir nos ensinamentos da Igreja e na liberdade religiosa.