Cronologia
O padre José de Anchieta é chamado de "o apóstolo do Brasil".
1534 Nasce em 19 de março na ilha de Tenerife, na Espanha.
1551 Já em Portugal, ingressou na Companhia de Jesus.
1553 Com menos de 20 anos, chegou ao Brasil com outros padres.
1554 Participou da fundação do Colégio de São Paulo, que daria origem à cidade de São Paulo.
1566 Foi ordenado sacerdote.
1570 Assume a direção do Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro, na qual permanece por três anos.
1577 É nomeado provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos.
1595 Retira-se para Iritiba, atual município de Anchieta, no Espírito Santo.
1597 Morre em 9 de junho, aos 63 anos. Nesse mesmo ano tem início o processo de canonização.
1980 É beatificado pelo papa João Paulo II.
2014 É canonizado pelo papa Francisco.
Decreto
A canonização do padre Anchieta será por decreto, dispensando a exigência de comprovação de um milagre. A iniciativa de fazer desse modo partiu do próprio papa Francisco. A assinatura dos decretos ocorrerá em audiência do papa ao cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Os sinos repicaram nas igrejas e o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, manteve o canto do Te Deum na Catedral da Sé e no Pátio do Colégio, na região central da capital, em ação de graças pela canonização de José de Anchieta (1534-1597), apesar de o papa Francisco ter adiado de ontem para hoje a assinatura do decreto que declara santo o Apóstolo do Brasil.
Dom Odilo disse que só soube do adiamento às 6h30 de ontem. Ele atribuiu a decisão do Vaticano a problemas de agenda do papa. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, distribuiu um comunicado, sem explicações, sobre o adiamento.
Segundo a CNBB, o decreto de canonização será assinado hoje, "por volta do meio-dia", horário de Roma às 7 horas no Brasil. No Vaticano, a informação era de que Francisco assinará o decreto às 11 horas, em audiência com o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato. Corria também uma versão de que a assinatura do documento seria às 9 horas.
A data da canonização estava imprecisa desde quando se anunciou a medida, tendo sido informado oficialmente apenas que ela se realizaria, sem cerimônia solene, nos primeiros dias de abril.
Fonte do Vaticano confidenciou ontem ao Estado que foi sugerido a Francisco que ele assinasse o decreto na terça-feira, mas ele alegou que não seria uma boa data, porque 1.º de abril é o Dia da Mentira.
Exemplo
Dom Odilo, que falou aos jornalistas ao lado de dois padres jesuítas, o superior provincial Mieczyslaw Smyda e o reitor da igreja do Pátio do Colégio, Carlos Alberto Contieri, disse que, para Anchieta ser considerado santo, o mais importante é seu exemplo de vida. O cardeal citou a atuação do padre como evangelizador dos índios e como professor do primeiro colégio, o de São Paulo, fundado pela Companhia de Jesus.
Obra inclui cartas, autos e poesias
Nascido na Espanha, José de Anchieta chegou ao Brasil ainda jovem, com a tarefa de catequizar os índios. Em território brasileiro, foi um dos fundadores do Colégio de São Paulo, que começou como um povoado e mais tarde deu origem à maior cidade do país, São Paulo.
O jesuíta Anchieta (na imagem, a obra "Evangelho nas Selvas", de 1893, pintada por Benedito Calixto) manteve uma relação fraterna com os indígenas, defendendo-os dos portugueses que tentavam escravizá-los. O padre Anchieta, como ficou conhecido, lutou contra os franceses e fundou o povoado de Iritiba, que por suas origens é hoje o município de Anchieta, no Espírito Santo. Foi o autor de vários autos, cartas e poesias, além de atuar como teatrólogo e historiador. Um de seus poemas, o "Poema à Virgem", teria sido escrito na areia, enquanto estava preso pelos tamoios, e depois transcrito para o papel. A ele são atribuídos diversos milagres, que fizeram com que, logo após sua morte, em 1597, tivesse início o processo de canonização, concluído somente agora.