Roma O Vaticano deve divulgar hoje um documento reiterando que a Igreja Católica é a única de Jesus Cristo. A divulgação do documento vem sendo noticiada pela imprensa italiana desde a semana passada.
Segundo a agência I-Media, especializada em notícias do Vaticano, o texto a ser publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé antigo Santo Ofício voltará a afirmar que a Igreja de Cristo está "realmente e unicamente na Igreja Católica".
Andrea Tornielli, vaticanista do jornal Il Giornale, afirma que "o objetivo da nova declaração é combater o que o Papa Bento XVI considera como relativismo eclesiológico, segundo o qual todas as igrejas que dizem fazer parte do cristianismo têm o mesmo nível de verdade ou que cada uma delas não têm mais que uma parte desta verdade".
Antes de se tornar Papa com o nome de Bento XVI, o cardeal Joseph Ratzinger presidia a Congregação para a Doutrina da Fé e foi responsável pela declaração "Dominus Iesus". A declaração, segundo a qual apenas a Igreja Católica dispõe de todos os meios de salvação, causou comoção em meio às igrejas protestantes, classificadas de simples "comunidades eclesiásticas".
Judeus
A divulgação do documento ocorrerá poucos dias depois de o Papa Bento XVI ter assinado decreto que dá mais liberdade para os sacerdotes celebrarem missas em latim.
Em uma carta aos bispos de todo o mundo, no último sábado, o pontífice rejeitou as críticas de que sua atitude poderia dividir os católicos. No entanto, o documento gerou descontentamento. O problema é que a antiga liturgia, conhecida como missa Tridentina, inclui passagens nas quais se diz que os judeus vivem "na cegueira" e "na escuridão" e pedem que "o Senhor, nosso Deus, retire o véu dos corações deles a fim de que possam também reconhecer nosso Senhor Jesus Cristo".
Vincenzo Pace, especialista em Sociologia da Religião, afirma que os dois documentos do Vaticano, o que deve ser divulgado hoje e o sobre a missa em latim, estão interligados.
Os documentos pretendem defender, de acordo com Pace, a fortaleza da Igreja Católica.
"Os novos documentos do Vaticano são coerentes. Seguem o pensamento do papa Bento XVI, sempre muito dedicado à doutrina, ao princípio da autoridade e à idéia de que fora da Igreja não há salvação", diz Pace.
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