O Vaticano publicou nesta segunda-feira (12) um guia com normas da Santa Sé sobre como se deve lidar com casos de abuso sexual. O material é uma tentativa de rebater as críticas sobre a resposta do papa Bento XVI à crise na Igreja Católica, após o surgimento de vários casos de abusos cometidos por religiosos em diversos países.

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O guia foi divulgado no site do Vaticano. O texto afirma que os bispos locais devem investigar "toda alegação de abuso sexual de um menor por um clérigo". Além disso, o bispo deve informar sobre as alegações que tiverem "uma aparência de verdade" à Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano.

O documento é baseado em uma revisão das leis do Vaticano sobre abusos sexuais, realizada em 2001 sob o comando do então cardeal Joseph Ratzinger, na época chefe da Congregação para a Doutrina da Fé e hoje, papa.

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Ao longo do mês passado, os críticos acusaram o Vaticano de conduzir de modo vagaroso e ineficaz as investigações sobre supostos abusos sexuais cometidos por padres. Em alguns casos, a Santa Sé levou anos para afastar padres pedófilos, em meio a apelações internas da Igreja, segundo documentos internos. Funcionários do Vaticano, porém, afirmam que a revisão de 2001 ajudou a apressar esses processos.

Durante o estágio preliminar da investigação, os bispos podem impor "medidas de precaução" para salvaguardar suas dioceses, segundo o guia. O texto nota que os bispos podem restringir "as atividades de qualquer padre em suas dioceses".

O Vaticano lembra ainda que os bispos devem "sempre" seguir as leis civis, informando as autoridades responsáveis sobre abusos sexuais. Caso um padre confesse ter cometido abusos sexuais, ele pode ser afastado de suas funções públicas e "viver uma vida de oração e penitência".

Irrelevante

O guia não deve reduzir o descontentamento de algumas vítimas, segundo as quais o Vaticano não age como deveria diante desses casos. Algumas vítimas pedem que o Vaticano aja duramente contra bispos e cardeais que não informaram as autoridades civis sobre abusos sexuais.

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"As políticas da Igreja, estejam na internet ou não, são em grande parte irrelevantes. Os bispos respondem a praticamente nenhuma delas e podem facilmente ignorá-las", afirmou Barbara Blaine, integrante da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres. "Nós temos que enfocar o comportamento, não as políticas e as ações, não as palavras."