A resposta da Igreja Católica aos casos de abuso sexual por padres é crucial para sua credibilidade e a instituição precisa "reconhecer e se desculpar" até por casos que aconteceram décadas atrás, disse um porta-voz do Vaticano no sábado.

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A Igreja Católica está se recuperando de uma série de reportagens esta semana que diziam que o Papa Benedito, antes de ser eleito pontífice máximo, pode ter lavado as mãos num caso de abuso de centenas de meninos por um padre numa escola para surdos nos Estados Unidos.

O Vaticano negou que houvesse qualquer tentativa de encobrir o caso de abuso de 200 surdos pelo reverendo Lawrence Murphy nas décadas de 1950 e 1960, depois que o New York Times publicou que ele não perdeu a batina apesar de avisos do Vaticano ao então cardeal Joseph Ratzinger, então a mais alta autoridade doutrinária e que hoje é o Papa Benedito XVI.

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A reportagem do New York Times foi publicada depois de uma nova série de acusações de abuso sexual por padres na Europa, em especial na Irlanda e na Alemanha, que gerou pressão para que vários bispos renunciassem a seus postos por não haver relatado os casos às autoridades civis.

"A natureza da questão vai atrair a atenção da mídia e a maneira como a Igreja Católica responder será crucial para sua credibilidade moral", disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, à Rádio Vaticano.

Apesar de os casos citados terem acontecido há muito tempo, "até décadas atrás, reconhecê-los e desculpar-se às vítimas é o preço de se reestabelecer a justiça e olhar para o futuro com novo vigor, humildade e confiança", disse Lombardi.

O porta-voz defendeu as ações da Igreja para educar o clero e leigos sobre o abuso. Ele também advertiu que a complacência deve ser evitada, e disse que o número de casos relatados caiu mais de 30 por cento no último ano e que muitas das novas acusações se referem a casos que aconteceram 30 anos atrás.

Ele disse que "qualquer observador que não seja superficial" pode ver que "a autoridade do Papa" e do corpo doutrinário que ele já presidiu --a Congregação para a Doutrina da Fé-- não foi enfraquecida pelos eventos por causa de uma resposta firme.

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Os que apoiam o Papa Benedito apontam para suas ações contra o chefe da ordem carismática Legião de Cristo, padre Marcial Maciel, depois que surgiram evidências de que ele havia abusado de jovens seminaristas.

A Legião excomungou seu fundador esta semana, uma decisão sem precedentes. Maciel morreu em 2008, ainda um padre, mas em reclusão depois que o Papa Benedito mandou que ele se retirasse para uma vida de "oração e penitência."

Com a mídia concentrada em saber se o Papa Benedito vai se referir aos casos de abuso nas cerimônias da semana da Páscoa, que começam com a missa do domingo de Palmas, Lombardi disse que as orações vão centrar-se "nos jovens e nas pessoas dedicadas a educar e protegê-los."

Ele disse à Radio Vaticano que essas orações "resumem o sentimento da Igreja neste momento difícil, quando ela enfrenta a praga da pedofilia."

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