O Vaticano disse a bispos de todo o mundo nesta segunda-feira que precisam priorizar a erradicação do abuso sexual de crianças por sacerdotes.
Em carta, o Vaticano determinou que os bispos devem cooperar com as autoridades civis para pôr fim aos abusos que macularam a imagem da Igreja Católica em todo o mundo.
"Estamos mostrando ao mundo que estamos falando a sério. Queremos ser um exemplo de prevenção e cuidados", disse um funcionário do Vaticano, que pediu anonimato.
A carta visa ajudar cada diocese a traçar suas próprias diretrizes, baseadas em uma só abordagem global mas moldadas de acordo com as leis criminais locais. As diretrizes terão que ser enviadas ao Vaticano no prazo de até um ano, para serem revistas.
"A responsabilidade de lidar com os delitos de abuso sexual de menores por clérigos é em primeiro lugar do bispo diocesano", diz a carta.
O documento engloba as revisões abrangentes adotadas no ano passado às leis da Igreja relativas a abusos sexuais, que dobraram o prazo de prescrição de ações disciplinares contra sacerdotes e ampliaram o uso de procedimentos "fast-track" para destituí-los de seus cargos.
O Vaticano vem lutando há anos para controlar os danos causados à imagem da Igreja pelos escândalos de abuso sexual nos Estados Unidos e vários países europeus, entre os quais a Alemanha, o país de origem do papa Bento.
De acordo com o funcionário do Vaticano, as novas diretrizes "fazem da proteção dos menores um princípio primordial e adotam uma visão de longo prazo, porque falam da formação de padres futuros".
O escândalo levou à renúncia de bispos em vários países. No ano passado o papa Bento pediu perdão a Deus e às vítimas de abusos e disse que a Igreja faria tudo que estivesse a seu alcance para garantir que fatos como esses nunca voltassem a acontecer.
O funcionário do Vaticano disse que, quando a legislação criminal local requer que os bispos denunciem infratores sexuais diretamente às autoridades civis, eles têm a obrigação de fazê-lo e que as diretrizes abrangem esse fato.
Grupos representantes de vítimas disseram que não estão satisfeitos.
"Não há exigência de 'tolerância zero' ou 'denúncia obrigatória'. Não há insistência que os bispos avisem seus rebanhos sobre os clérigos que molestam crianças. Não há nada que tornará uma criança mais segura hoje, amanhã, no mês que vem ou no ano que vem," disse o SNAP, ou Rede de Sobreviventes Abusados por Padres.
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