O Vaticano disse nesta segunda-feira (2) que deteve um monsenhor espanhol e uma consultora por furto e divulgação de documentos sobre a situação econômica da instituição durante a reforma financeira da Santa Sé.
O secretário da Prefeitura Eclesiástica para Assuntos Econômicos Lucio Angel Vallejo Balda e a consultora Francesca Chaouqui participavam da comissão de reforma econômica, instalada pelo papa Francisco em 2013.
Segundo promotores, os dois teriam retirado os documentos confidenciais vazados do computador do controlador-geral da Santa Sé, Libero Milone, que havia sido apontado meses atrás para o cargo.
Os dados foram entregues aos repórteres Emiliano Fittipaldi, do jornal italiano “L’Espresso” e Gianluigi Nuzzi, do canal Mediaset. Os jornalistas lançarão no fim desta semana livros sobre a situação financeira do Vaticano.
Em um comunicado, o Vaticano informou que Vallejo Balda e Chaouqui foram interrogados no sábado e no domingo. A consultora foi libertada por ter cooperado com a investigação, enquanto o religioso continua preso.
O porta-voz da instituição, Ciro Benedettini, disse que as prisões ocorreram depois de meses de investigação policial no Vaticano. Ele, no entanto, não relacionou diretamente os dois ao roubo do material confidencial.
O Vaticano considera o vazamento de informações uma “uma grave traição à confiança do papa” e que se tornou um crime no direito canônico poucos meses depois do início do papado de Francisco.
As detenções acontecem dias após a imprensa italiana noticiar que o Vaticano investigava a invasão do computador de Milone. Os advogados de defesa dos dois detidos ainda não se pronunciaram sobre as acusações.
Livros
Acredita-se que Lucio Angel Vallejo Balda seja a autoridade eclesiástica de escalão mais alto a ser presa no Vaticano. O monsenhor é membro de uma associação ligada à Opus Dei, mas não tem direito de falar em nome da instituição.
Este foi o maior caso de vazamento de dados da Igreja Católica desde que Paolo Gabriele, mordomo do papa Bento 16, furtou documentos confidenciais do pontífice e entregou-os à imprensa em 2012.
Dentre eles, estava uma carta em que ele reclamava da corrupção na Santa Sé. Gabriele foi condenado a 18 meses de prisão pelo crime, mas foi perdoado por Bento 16 em dezembro de 2012.
Nesta segunda, a imprensa italiana informou que os livros com os vazamentos do Vaticano são “Avareza”, de Emiliano Fittipaldi, e “Via Crucis”, de Gianluigi Nuzzi. O Vaticano criticou os autores e as publicações.
“As publicações não ajudam de nenhuma maneira à clareza e à verdade, mas geram confusão e interpretações parciais e tendenciosas. É necessário evitar a equivocação de pensar que isso ajuda de alguma maneira à missão do papa.”