Pequim - A crise nuclear no Japão voltou a se agravar ontem, com a informação de que a água com elevados níveis de radioatividade encontrada no local pode ter vindo do reator n.º 2 e de que traços de plutônio foram achados em cinco pontos do solo da usina de Fukushima.
O plutônio é um combustível mais tóxico do que o urânio e é utilizado em apenas um dos seis reatores da planta, o de n.º 3. Na sexta-feira, o porta-voz da agência de segurança nuclear, Hidehiko Nishiyama, disse que é provável que a estrutura do reator tenha sido danificada pelo duplo desastre natural que atingiu o Japão há 18 dias, o que teria reduzido sua capacidade de conter vazamentos de material radioativo.
Resfriamento
O aumento da quantidade de água contaminada em diferentes locais da usina dificulta a tentativa de restabelecimento do sistema de resfriamento dos reatores e compromete os esforços para evitar seu superaquecimento. Além do reator 2, o material também foi localizado em canos embaixo dos reatores 1 e 3 e há o temor de que ele transborde e termine no mar ou no solo.
A Tokyo Electric Power Company (Tepco) anunciou ontem a redução de 16 toneladas para 7 toneladas na quantidade de água que é injetada a cada hora na usina, em uma tentativa de conter a acumulação de água contaminada. A medida, porém, traz o risco de que a temperatura nos reatores volte a subir perigosamente.
Os responsáveis pela usina enfrentam ainda o desafio de drenar e estocar a água com radiação de maneira segura. Enquanto isto não for feito, é pouco provável que os técnicos consigam religar os cabos que restabelecerão o fornecimento de energia para a usina.
Ontem, a água no local apresentava níveis de radiação 100 mil vezes superior aos padrões normais. A concentração é suficiente para provocar danos imediatos à saúde. Segundo tabela da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a quantidade de radiação presente na água do reator n.º 2 pode provocar hemorragia, náusea, fadiga, vômito, queda de cabelo e diarreia.