Um tribunal de Minsk, capital de Belarus, condenou nesta sexta-feira (3) a dez anos de prisão o ativista de direitos humanos Ales Bialiatski, um dos vencedores da última edição do Prêmio Nobel da Paz. A informação é da Viasna, ONG presidida por ele. A juíza Marina Zapasnik considerou Bialiatski e outros três ativistas da organização culpados de contrabando por grupo organizado e financiamento de ações coletivas que atentam gravemente contra a ordem pública.
Segundo a agência de notícias Associated Press, Bialiatski e dois outros ativistas foram presos em 2021, após protestos em massa nas eleições de 2020, que deram novo mandato a Alexander Lukashenko. O outro ativista condenado nesta sexta havia deixado Belarus antes de ser preso.
Lukashenko governa o ex-país soviético desde 1994. No último pleito, ele comandou uma repressão brutal aos manifestantes, a maior da história do país, com mais de 35 mil presos e milhares de pessoas espancadas pela polícia.
Bialiatski e seus colegas foram acusados pelo Ministério Público de atuarem como grupo organizado entre abril de 2016 e o mês detenção. O promotor Oleksandr Korol havia pedido penas de nove a 12 anos de privação de liberdade. Durante o julgamento, os réus, que foram mantidos em uma gaiola no tribunal, se declararam inocentes.
Segundo o processo, eles "preparam cidadãos para a participação em ações coletivas que atentam gravemente contra a ordem pública, e também financiaram e forneceram apoio material a tais ações sob a aparência de defesa de direitos humanos e atividades de caridade". A acusação alega que eles receberam dinheiro de várias estruturas e fundos de uma empresa estrangeira. Depois, com a ajuda de outras pessoas, enviaram para a Lituânia ao menos 201 mil euros (R$ 1,11 milhão) e US$ 54 mil (R$ 281,2 mil).
Em 13 de janeiro deste ano, os ativistas, consideradas presos políticos pela Viasna, fizeram as últimas declarações em bielorrusso. Bialiatski garantiu que "o processo contra nós, os ativistas de direitos humanos de Viasna, tem motivações políticas". Segundo o Nobel da Paz, além disso, Belarus está "saturado de repressões em massa e violações totais aos direitos humanos que afetam a sociedade durante e depois da campanha eleitoral de 2020".
"Ao invés de escutar a voz do povo, uma reação mais forte chegou a Belarus. Obviamente, a decisão política das autoridades foi esmagar e destruir a sociedade civil de Belarus", completou. Os condenados poderão apelar contra a sentença.
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