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Candidata democrata, a vice-presidente dos EUA Kamala Harris, durante debate com Trump na Filadélfia, nesta terça-feira (10)
Candidata democrata, a vice-presidente dos EUA Kamala Harris, durante debate com Trump na Filadélfia, nesta terça-feira (10)| Foto: EFE/EPA/DEMETRIUS FREEMAN / POOL

A ausência em entrevistas ao longo da campanha presidencial parece ter sido uma estratégia de Kamala Harris para ganhar tempo de preparação para o debate com Donald Trump, na noite desta terça-feira (10), na ABC News. Enquanto a democrata e seu vice, Tim Walz, deram apenas sete entrevistas, Trump e J.D. Vance se expuseram 44 vezes a jornalistas no contexto das eleições.

Vance, inclusive, criticou Harris por fugir da imprensa. A substituta de Biden na corrida eleitoral ainda não realizou uma entrevista coletiva formal com jornalistas, optando por encontros rápidos, de poucos minutos, e entrevistas reservadas com repórteres em seu avião de campanha.

Apesar do tempo se preparando para ser confrontada, Harris não conseguiu esclarecer os eleitores americanos sobre seus compromissos acerca de temas fundamentais, como economia, imigração e guerras em andamento. Segundo o jornal New York Times, Harris gastou quase metade do tempo de seu discurso atacando o adversário político, sem adentrar profundamente em sua agenda política.

Boa parte da imprensa atribuiu uma vitória à Harris, enquanto membros do Partido Republicano criticaram os moderadores do debate por uma alegada parcialidade com o ex-presidente, um dos motivos pelos quais Trump disse nesta quarta-feira (11) estar "menos disposto" a participar de um novo embate antes das eleições, marcadas para acontecer em menos de dois meses.

Economia

O tema considerado de maior relevância para o eleitor americano é a economia, de acordo com as pesquisas eleitorais divulgadas até o momento.

Uma das sondagens, feitas pela emissora CBS, mostrou que oito em cada 10 adultos consideram a economia um fator importante em sua escolha nas urnas, superando outras questões importantes como aborto e mudanças climáticas.

Neste quesito, Harris não dedicou muito tempo para apresentar sua agenda, tocando apenas na superfície do que pretende fazer: cortar impostos, ajudar a classe média e trabalhadora, além de construir moradias mais acessíveis.

"Sabemos que temos escassez de casas e moradias, e o custo da moradia é muito caro para as pessoas. Sabemos que famílias jovens precisam de apoio para criar seus filhos, [...] pretendo estender um corte de impostos para essas famílias de US$ 6 mil, que é o maior crédito tributário infantil que demos em muito tempo [...]", afirmou.

Para compensar esse corte de impostos para uma parcela da população, no entanto, ela informou que aumentará os impostos corporativos.

Harris ainda se esquivou de responder se a vida financeira dos americanos está melhor durante a gestão Biden.

Dentro da temática, Trump aproveitou seu tempo para atacar as políticas econômicas defendidas por Harris, dizendo que ela não tem um plano real para o país e que apenas copiou as ideias do presidente Biden.

"Ela não tem um plano. Copiou o plano de Biden, e é como quatro frases que dizem: 'Oh, vamos tentar reduzir impostos'. Isso não é um plano", ironizou Trump.

No fim de semana, uma pesquisa do New York Times com o Siena College revelou que 60% dos prováveis ​​eleitores dos EUA (onde o voto não é obrigatório) disseram acreditar que o país estava indo na direção errada e não sabiam o suficiente sobre a posição de Harris em questões importantes. Uma delas é a economia.

Crise migratória

A imigração é outro tema fundamental que tem afetado a vida dos americanos, tornando-se um ponto a ser levado em conta na hora de escolher o candidato para a presidência.

"[Biden e Harris] permitiram a entrada de milhões de criminosos, traficantes de drogas, que agora estão nos Estados Unidos. [...] O crime está caindo na Venezuela e em outros países. Sabe por quê? Porque os criminosos saíram de lá e vieram para o nosso país. Este é um dos maiores erros da história, essa permissão, e eles fizeram isso achando que vão ganhar votos, […] estão destruindo o tecido que constrói a nossa sociedade", criticou Trump.

Responsável pelas políticas migratórias na gestão Biden, Kamala Harris - a quem Trump chama de "Czar da fronteira" por esse motivo - não apresentou propostas para o problema, mas preferiu criticar o adversário. Segundo a democrata, Trump é responsável por intervir para anular um projeto bipartidário destinado a combater o caos na fronteira sul. "Donald Trump pegou no telefone, ligou para seus deputados amigos e falou: 'não votem nessa lei, matem essa lei', porque ele preferiu levar esse problema à frente do que terminar com ele".

Entre os pontos tratados no projeto de lei estão restrições permanentes de asilo e a autorização para o presidente do país decretar a deportação imediata de estrangeiros quando a fronteira sofresse com recorde de travessias ilegais.

No entanto, durante a campanha, a candidata expressou apoio a um plano para conceder cidadania para imigrantes sem documento que estão no país.

A democrata tem tentado se distanciar de uma agenda mais progressista neste tema, diferentemente do que defendia nas eleições de 2020. Na ocasião, ela promoveu pautas favoráveis a imigrantes ilegais que atravessam a fronteira, como a possibilidade de descriminalizar a entrada irregular o país e reformulação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE).

Política externa

Quando o assunto é política externa, em especial as guerras em curso no Oriente Médio e na Ucrânia, os dois candidatos partiram para o ataque pessoal. Trump alegou que, se eleita, Harris conseguiria fazer Israel deixar de existir em dois anos. A democrata admitiu que "Israel tem o direito de se defender", mas acrescentou que "muitos palestinos inocentes foram mortos".

A candidata se comprometeu com uma solução de dois estados no Oriente Médio e com o apoio à Ucrânia contra a longa invasão russa. Contudo, não aprofundou como pretende atingir essa finalidade. "O que sabemos é que esta guerra [em Gaza] deve acabar. Deve terminar imediatamente [...] continuaremos a trabalhar sem parar nisso", disse Harris.

A vice-presidente também empenhou seu tempo nesta pauta para atacar o oponente, afirmando que, se dependesse do ex-presidente Donald Trump, o ditador da Rússia, Vladimir Putin, já teria tomado a capital da Ucrânia.

“Se Donald Trump fosse presidente, Putin estaria em Kiev neste momento”, disse ela em resposta a perguntas sobre a guerra na Ucrânia. A democrata acrescentou que a “agenda de Putin não se limita apenas à Ucrânia” e que, se dependesse de Trump, Putin estaria também "de olho no resto da Europa, começando pela Polônia”.

A argumentação de Kamala Harris se dirigiu diretamente aos eleitores poloneses-americanos, que estão particularmente preocupados com a guerra na Ucrânia e que têm um peso significativo no estado da Pensilvânia, onde o debate foi realizado e que é um dos que podem decidir o pleito por não ter uma preferência clara por um dos dois grandes partidos americanos.

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