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“Por um uso responsável", diz uma placa em frente à uma fila em uma loja de maconha,  em Montreal, Quebec | MARTIN OUELLET-DIOTTE/AFP
“Por um uso responsável", diz uma placa em frente à uma fila em uma loja de maconha, em Montreal, Quebec| Foto: MARTIN OUELLET-DIOTTE/AFP

Sob uma temperatura abaixo dos 10ºC, Ian Power,  esperou desde às 20h30 de terça (16) em uma fila na cidade de St. John até os relógios marcarem meia-noite. No primeiro minuto desta quarta-feira (17), ele entrou na loja e se tornou a primeira pessoa a comprar legalmente maconha para uso recreativo no Canadá. 

Devido ao fuso horário (uma hora à frente do horário de Brasília), a província de Terra Nova e Labrador, da qual St. John é a capital, foi a primeira a começar a vender a substância, mas o cenário se repetiu por todo o país conforme a nova lei que permite a venda da droga entrou em vigor. 

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Em Toronto, maior cidade do país, houve contagem regressiva com direito a uma escultura que simulava uma planta gigante, enquanto centenas de pessoas se reuniram em filas em Montreal à espera da liberação na cidade, que só ocorreu às 10h locais (11h de Brasília).  

"Creio que é um dos melhores momentos da minha vida. Tenho lágrimas nos meus olhos, nunca mais becos escuros", Power disse ao jornal canadense The Globe and the Mail  – ele avisou que pretende enquadrar a compra.  

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Na capital Ottawa, autoridades do governo participaram de uma entrevista coletiva na qual o ministro de Segurança Pública, Ralph Goodale, anunciou que o governo vai propor uma nova medida para facilitar o perdão judicial a pessoas condenadas por portarem até 30 gramas de maconha, quantidade autorizada para o uso pessoal. 

Um cliente mostra um produto de maconha que ele comprou depois de entrar em uma loja de cannabis MARTIN OUELLET-DIOTTE/AFP

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"Vai haver muita celebração durante o dia, mas quase tudo com cânabis ilegal", disse Brad Poulos, pesquisador do mercado de maconha na Universidade Ryerson, em Toronto. "Os usuários recreativos no Canadá vão continuar a usar seus fornecedores até que o sistema esteja pronto”. 

Segundo levantamento da agência de notícias Associated Press, 111 locais físicos para a compra de maconha abriram às portas nesta quarta, nenhum deles na maior província do país, Ontário, onde fica Toronto e que abriga 13 milhões dos 35 milhões de habitantes do Canadá.

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As lojas na região só vão poder entrar em funcionamento a partir de abril, mas os moradores podem comprar a maconha pela internet até lá. 

Vancouver, terceira maior região metropolitana do Canadá, também não tem lojas físicas por enquanto – a mais próxima fica a 350 km. 

"O dia 17 de outubro não será o dia mais elegante, mas o importante da mensagem não é que as coisas funcionem no primeiro dia, é que temos um primeiro dia", disse Bruce Linton, CEO da Canopy Growth, principal empresa de produção de maconha do país.

O exemplo negativo do Uruguai

O Canadá é o segundo país do mundo a permitir o uso recreativo de maconha. O primeiro foi o Uruguai. 

A regulamentação da venda da maconha no país sul-americano, em julho de 2017, reduziu o mercado negro da droga em 25%, segundo dados oficiais, e garantiu a qualidade do produto aos usuários regulares registrados. Mas há um lado negativo. A diminuição do número de compradores que antes recorriam a traficantes fez com que estes passassem a disputar com mais violência o espaço reduzido para atuação. Como resultado, o número de homicídios no país cresceu 66% na primeira metade de 2018 com relação ao mesmo período do ano passado.

O que a lei canadense permite

  • 30 gramas é a quantidade possível de maconha desidratada ou equivalente para ter em lugares públicos ou compartilhar com amigos;
  • 18 anos é a idade mínima para consumo; em algumas províncias é 19 anos, como Ontário;
  • Quatro plantas é o limite por residência para uso pessoal. Mas em Manitoba e Québec, fica proibido ter plantas. Na Colúmbia Britânica não podem estar à vista do público (multa de 5.000 dólares canadenses --R$ 14,4 mil-- e até 3 meses de prisão);
  • É permitido fazer produtos de maconha em casa apenas para uso pessoal. Novas leis vão regulamentar venda de comestíveis em um ano;
  • É proibido dirigir sob influência da droga. As leis variam bastante por província e vão de 18 meses de cadeia (Manitoba) a multas de 200 dólares (R$ 575) na Colúmbia Britânica a 1000 dólares (R$ 2.880) em Alberta e Québec;
  • Empresas ficam proibidas de promover produtos para menores, com multas que chegam a 5 milhões de dólares (R$ 14,4 milhões) e três anos de prisão. Quem der ou vender a menores, pode pegar até 14 anos de prisão;
  • Carregar a droga para fora do Canadá pode render até 14 anos de prisão.

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