Quarenta dias após deportar mais de 1.600 colombianos sob pretexto de serem contrabandistas ou imigrantes ilegais, a Venezuela se comprometeu nesta segunda-feira (28) a aceitá-los de volta, segundo anunciou a Unasul, bloco de países sul-americanos.
“A Unasul e o governo da Venezuela acertaram que os cidadãos colombianos deportados durante a crise fronteiriça [com a Colômbia] que desejarem regularizar sua situação na Venezuela e voltar a este país poderão fazê-lo com ajuda do governo”, disse a Unasul em comunicado.
O texto foi divulgado após reunião entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Em entrevista à agência de notícias Efe, Samper qualificou a decisão venezuelana de “gesto humanitário”.
Não estão claros, porém, os detalhes jurídicos nem os prazos do retorno de deportados, que aparenta ser um desdobramento do entendimento alcançado na semana entre Maduro e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O acordo que reduziu um dos maiores picos de tensão regional nos últimos anos foi assinado em Quito com mediação do Equador e do Uruguai e definiu um plano de ação em sete pontos, entre os quais o retorno dos respectivos embaixadores a Caracas e Bogotá e a busca de um “clima de respeito e convivência”.
A crise fronteiriça foi deflagrada no dia 19 de agosto, quando Maduro fechou parte da fronteira com a Colômbia no Estado de Táchira, decretou estado de exceção em vários municípios do setor e iniciou as deportações.
Outros 17 mil colombianos fugiram por se sentir pressionados pelo Exército venezuelano, que ocupou a área. Muitos dos colombianos que deixaram a Venezuela não possuíam a devida documentação, mas viviam no país sem ser incomodados.
Qualificadas de violação de direitos humanos pela ONU, as medidas do governo venezuelano foram estendidas ao Estado de Zulia, ao norte da fronteira.
Maduro alegou que as decisões eram necessárias para retaliar um ataque, atribuído por ele a contrabandistas e paramilitares colombianos, que feriu três militares venezuelanos a bala na fronteira.
Os cidadãos deportados participavam ativamente das atividades ilegais na fronteira, segundo o presidente.
Críticos dizem que as tensões com a Colômbia, às quais se soma uma disputa territorial com a também vizinha Guiana, são tentativas de desviar o foco da grave crise econômica antes da eleição parlamentar de 6 de dezembro, na qual o governo Maduro chega com baixa popularidade.