O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicholas Maduro, disse que os Estados Unidos fazem uma distinção entre terroristas "bons" e "ruins", dependendo de suas inclinações políticas.
Num discurso ao Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira, durante uma sessão sobre terrorismo, e nos comentários que fez a repórteres mais tarde, Maduro disse que o organismo, composto por 15 países, deveria se unir a seu país para exigir que os Estados Unidos entreguem à Venezuela um dissidente anti-Fidel Castro acusado de ser o mentor de um ataque a bomba contra um avião cubano há 30 anos.
- Para o governo de George W. Bush existem terroristas bons e terroristas ruins - disse ele a repórteres depois da reunião, numa prévia das posições contrárias dos Estados Unidos que a Venezuela deve adotar se conquistar a cadeira temporária do conselho no ano que vem.
O ministro referiu-se ao caso de Luis Posada Carriles, 77, um ex-agente da CIA acusado de planejar a explosão de um avião da Cubana de Aviación, em 1976, em que 73 passageiros e tripulantes morreram.
Posada, que fugiu de uma prisão venezuelana, foi para a América Central e depois para os Estados Unidos. Ele está detido no Texas sob acusação de violar as leis de imigração, mas um juiz federal sustenta que ele deve ser libertado.
Maduro lembrou que o ataque completará 30 anos no dia 6 de outubro e disse ter "pedido ao Conselho para que se envolva na questão de forma que a opinião pública possa reagir à proteção de terroristas perigosos pelos Estados Unidos".
O ministro também disse que os EUA estão protegendo os venezuelanos José António Pulido e Germán Varela López, acusados por Caracas de participação nos ataques contra o consulado colombiano e a embaixada da Espanha na capital da Venezuela, em 2003.
A Venezuela concorre com a Guatemala por um posto rotativo no Conselho de Segurança da ONU em 2007, e é a favorita. As eleições acontecem no mês que vem, e os EUA vêm tentando reforçar o apoio à Guatemala.
- Eles estão tão desesperados que (a secretária de Estado dos EUA) Condoleezza Rice deixou pessoalmente de lado sua própria agenda para se dedicar apenas a isso. Mas eles não vão conseguir deter os povos do sul - disse Maduro.
O ministro chegou a ficar detido por mais de uma hora no aeroporto JFK, de Nova York, no sábado, depois de ter participado da Assembléia Geral da ONU, em que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, comparou Bush ao diabo.
O Departamento de Estado pediu desculpas pela prisão, disse Maduro, e nessa nova viagem tomou "muito cuidado para não cometer o mesmo erro".
- Pedimos o fim do racismo contra as pessoas do sul, seja por sua cor, nacionalidade ou religião - disse Maduro. - Se eles fizeram isso comigo, que sou ministro, imagine o que aguarda os outros cidadãos.