Em meio ao aumento da escassez de vários produtos nos supermercados, o governo venezuelano promoveu ontem reajustes de 25% a quase 35% em itens de primeira necessidade como frango e açúcar. A medida deve pressionar ainda mais a inflação do país, a mais alta da América Latina.
O aumento mais elevado foi do frango, 34,8%. O quilo passou ontem de R$ 3,20 para R$ 4,35 (cálculo feito com a taxa de câmbio usada para importar alimentos). É a primeira vez em quase dois anos que esse produto é reajustado, apesar de a inflação ter acumulado 27% só nos últimos 12 meses.
Já o reajuste mais baixo foi do arroz branco tipo 3, 25,19%.
O governo ainda retirou a margarina, a maionese e o molho de tomate da lista de alimentos com preços tabelados.
Também ontem, o governo Chávez interveio na refinaria de açúcar Santa Elena, acusada de especulação. Desde 2007, várias empresas do setor de alimentos sofreram a mesma ação.
As medidas ocorrem num momento em que vários itens começam a faltar nas prateleiras, trazendo de volta a lembrança das longas filas para comprar leite e outros produtos em 2008.
Segundo o índice elaborado pelo Banco Central para medir a escassez, em fevereiro 14,8% dos produtos usados para medir a inflação estavam com problemas de abastecimento, contra 13,2% em dezembro.
O temor da falta de produtos é perceptível nos supermercados. Ontem, no recém-nacionalizado hipermercado Bicentenário (antigo Êxito, de capital francês), um casal sem filhos tinha 16 kg de açúcar no carrinho. "É o quarto lugar aonde fomos hoje e só encontrei aqui, justificou o engenheiro Silvio Suárez.
Ao lado, a atitude dos que abarrotavam carrinhos com o mesmo produto foi criticada pela enfermeira Iris Blanca. "Nós mesmos produzimos a escassez ao comprar mais do que necessitamos. Ela disse ter encontrado tudo o que buscava.