A Venezuela celebra seu carnaval mais triste do século. A grave recessão econômica que o país enfrenta fez muitos foliões trocarem os desfiles e o tradicional descanso nas praias locais pela busca a alimentos e remédios, ambos em uma escassez que fez a Assembleia Nacional decretar estado de emergência.
Num vídeo divulgado pelo diário espanhol “El Mundo” no sábado (6), dezenas de pessoas aparecem aglomeradas numa fila do maior mercado da cidade de Acarigua. Já em Valencia, as ruas que deveriam abrigar os tradicionais desfiles estavam vazias: os moradores preferiram ir aos parques locais.
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Leia a matéria completaNão só se busca alimentos como a farinha das tradicionais arepas, além de carne, café ou leite. Os cidadãos também procuram um preço regulado, mais barato e que evite a inflação — o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem uma estimativa pessimista de que o aumento dos preços chegue a 700% em 2016.
Quem quer cair na folia sofre: adquirir uma roupa para as crianças sai caro. No centro de Valencia, o preço das fantasias de super-heróis d’Os Vingadores varia entre os 9 mil e os 12 mil bolívares. Em Caracas, o custo para obter as roupas das princesas Anna e Elsa, do megassucesso da Disney “Frozen”, ultrapassa os 19 mil. O detalhe? O salário mínimo hoje não chega aos 10 mil.
As opções econômicas, segundo a agência Notitarde, são ir no básico: o Zorro sai por cerca de 5.400, enquanto o Chapolim Colorado não passa de 6.500.
“Os preços subiram acima de 300% em comparação ao ano passado”, contou o comerciante César Traboulsi.
Movimento fraco
Nas praias do estado de Vargas, muitos policiais faziam patrulha para deter possíveis criminosos. Tudo diante de um movimento fraco na região.
“Tenho que comprar peixes em um mercado central porque no porto de La Guaira, perto daqui, o quilo está subindo 1.000 bolívares semanalmente. Não está fácil. A maioria dos visitantes vêm com sanduíches e refeições”, disse ao “El Carabobeño” Gabriel Requena, dono de um quiosque na praia de San Luis há quase uma década.
A escassez não é o único problema: o racionamento de energia, que tem provocado uma disparada nos contas de luz, fez os centros comerciais de Caracas limitarem seu funcionamento entre as 15h e as 19h.
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