Genebra O governo da Venezuela começa a tomar medidas para deixar o Fundo Monetário Internacional (FMI). O anúncio foi feito ontem pelo ministro do Trabalho do país, José Ramón Rivera, um dos membros do governo mais próximos ao presidente Hugo Chávez. Para isso, o país terá de comprar bônus emitidos pelo Tesouro da Venezuela nos anos 90. "Temos muito dinheiro e podemos comprar de volta esses bônus", afirmou Ramón Rivera.
Há cerca de dois meses, Chávez havia anunciado a intenção de seu governo de abandonar o fundo, qualificado por Caracas de "imperialista" e acusado de defender os interesses dos EUA. "Um dos elementos mais perversos da adesão do país ao FMI é que, como os bônus foram emitidos com a aprovação do fundo, isso exige que o governo permaneça na entidade", explicou o ministro.
Para deixar o fundo, o governo tem duas opções. Uma delas é a de comprar os bônus por 100% de seu valor nominal. "O problema é que esses bônus se desvalorizaram entre 60% e 80% no mercado", afirmou o ministro.
A segunda opção, que deve ser tomada pela Venezuela, é a de comprar os bônus de volta pelo preço que hoje valem no mercado internacional. Em declarações à imprensa, Ramón Rivera afirmou que um dos problemas é que certos papéis não podem ser comprados por governos. "Nesse caso, estabeleceremos um mecanismo para conseguir que terceiros possam comprar esses papéis para resolver esse problema", explicou o ministro. Questionado sobre quanto tempo levaria a saída do FMI, Ramón Rivera respondeu: "Apenas o tempo de comprar esses bônus."