Um mês depois do início dos protestos nacionais na Venezuela, duas marchas estão ocorrendo hoje (12) na região metropolitana de Caracas. A juventude que apoia o governo de Nicolás Maduro marcha de Chacaíto, leste da capital, até a sede do Ministério Público. Estudantes opositores saíram de Bello Monte, também na zona leste de Caracas, em direção à sede da Defensoria Pública.
Desde o início da onda de manifestações, pelo menos 23 pessoas morreram e aproximadamente 260 ficaram feridas. Os manifestantes pedem medidas econômicas eficazes contra a escassez de alimentos e a alta da inflação, e a favor da segurança pública e pela libertação de presos nas manifestações, a exemplo do opositor Leopoldo López, detido desde 18 de fevereiro.
O governo abriu o diálogo com setores da sociedade e políticos, mas parte do movimento estudantil e da oposição se negam a conversar sem que o governo "garanta o direito às manifestações", libere estudantes e políticos detidos e estabeleça uma "agenda de conversação".
A oposição acusa o governo de reprimir os protestos de forma violenta. Por sua vez, o governo diz que não agiu com repressão e que somente está "preservando a ordem pública", devido ao vandalismo de grupos. Nesse período, alguns grupos têm destruído o patrimônio público e mantido bloqueios em diversas vias, com as chamadas "guarimbas" (barreiras montadas com entulhos, lixo e fogueiras).
O presidente da Federação de Centros Estudantis da Universidade Simon Bolívar (USB), Daniel Hernández, declarou à imprensa local que os "estudantes continuarão nas ruas até que solucionem suas demandas". O movimento estudantil opositor diz que marcha hoje pelos manifestantes mortos.
Hoje, o metrô de Caracas teve sete estações fechadas por segurança, segundo o governo. Também há manifestações em outras cidades, como Valencia, Maracaíbo, San Cristóbal, Mérida, Maracay, Maturín e Barquisimeto. De acordo com o governo, os focos de manifestação representam uma minoria no país. Segundo pesquisa divulgada pela TV multiestatal Telesur, 80% da população não está participando dos protestos.
A marcha que apoia o governo, em Caracas, tem a participação do ministro da Juventude, Victor Clark. "Nos mobilizamos com nossa alegria, bandeiras e ideias, mas com força, para garantir que a rua seja um espaço para reafirmar o respeito à democracia que estamos construindo com o povo", declarou.
Estudantes universitários favoráveis ao governo também deram entrevistas nos canais de comunicação estatais e na imprensa privada local. Silvestre Montilla, da Universidade Central da Venezuela, disse que "está concentrado hoje em rejeição aos atos de violência".
No campo internacional, está programada uma reunião de chanceleres dos países que fazem parte da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Santiago, no Chile, para discutir a situação interna na Venezuela e uma comissão será criada para apoiar o diálogo no país.
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