A ditadura da Venezuela rechaçou nesta segunda-feira (3) o que considerou uma "ingerência" da União Europeia (UE), depois de o alto representante para Relações Exteriores do bloco, Josep Borrell, ter criticado a inabilitação da opositora María Corina Machado para exercer cargos públicos de eleição popular no país.
Em comunicado, o regime de Nicolás Maduro "rechaça categoricamente a declaração atribuída" a Borrell, que "representa um novo ato de ingerência em assuntos que são de competência exclusiva dos poderes públicos venezuelanos".
"A Venezuela não aceita a tutela de nenhuma potência ou grupo de países alinhados com reminiscências imperiais" e "reitera aos representantes da UE que a legalidade e legitimidade do processo eleitoral venezuelano não depende e não dependerá de nenhum ator estrangeiro", acrescenta o texto.
Nesse sentido, a ditadura venezuelana "exige" que o bloco europeu "se abstenha de emitir declarações intrometidas para preservar uma relação recíproca respeitosa".
Borrell considerou nesta segunda-feira que sanções administrativas como as decretadas contra a ex-deputada Machado, divulgadas na última sexta-feira (30), “minam a democracia e o Estado de direito e só vão aprofundar a longa crise política e social na Venezuela”.
"A UE expressa sua profunda preocupação com as decisões que buscam impedir que membros da oposição exerçam seus direitos políticos fundamentais", disse o alto representante em um comunicado oficial.
A Controladoria Geral da Venezuela informou na sexta a inabilitação de Machado, que a impede de exercer cargos públicos eletivos por 15 anos, após uma investigação patrimonial na qual - segundo assegurou a instituição - foram constatados "erros e omissões nas declarações de bens avaliados" durante a auditoria correspondente.
Apesar do impedimento, a ex-deputada disputará no dia 22 de outubro com outros 12 candidatos as primárias organizadas pela principal coligação da oposição para escolher o nome que enfrentará o chavismo nas eleições presidenciais de 2024.
Mantido o impedimento de Machado, ela não poderá concorrer à presidência contra o candidato indicado pelo chavismo, pois sua condição a impede de se inscrever como candidata no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e, portanto, assumir a chefia do Estado.
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