A terceira reconversão monetária implementada pela ditadura chavista na Venezuela entrou em vigor nesta sexta-feira, com a eliminação de seis zeros do bolívar, a moeda do país que enfrenta uma das piores inflações do mundo. Com a mudança, o bolívar soberano será substituído pelo bolívar digital.
No total, o bolívar venezuelano já perdeu 14 zeros desde 2008, quando o então presidente Hugo Chávez anunciou a primeira revisão.
Também entra em circulação nesta sexta-feira um novo conjunto de notas e moedas. Até então, a cédula de maior valor do bolívar era a de 1 milhão, que valia pouco menos de US$ 0,25 e mal comprava um pão de forma. Agora, esse montante passa a valer 1 bolívar, e a nota de maior valor da nova moeda passa a ser a de 100 bolívares - equivalente a cerca de US$ 24.
O ministro de Interior e Justiça do regime chavista, Remigio Ceballos, anunciou a mobilização de um operativo de mais de 46 mil funcionários de segurança em todo o país, para "resguardar" as agências bancárias durante a transição.
Ao anunciar as mudanças em setembro, o Banco Central da Venezuela disse que não haverá alteração no valor do bolívar. "[A medida] apenas facilitará o seu uso em uma escala monetária mais simples".
A falta de um plano acompanhando a medida foi alvo de críticas de analistas no país.
"Até agora, nem o governo nacional nem o Banco Central emitiram qualquer plano integral econômico para atacar os problemas que existem atualmente", afirmou Ahiana Figueroa, jornalista especializada em economia, ao jornal Efecto Cocuyo, que descreveu a reconversão monetária como um processo apenas "cosmético".
Erosão da moeda
A moeda venezuelana teve uma desvalorização de 65,24% entre janeiro e setembro, segundo estimativa do jornal local Efecto Cocuyo. Ou seja, o que custava 100 bolívares em janeiro, ontem custava 165,24 bolívares, em média. O aumento do dólar no mercado paralelo no país nesse mesmo período foi de 187,73%.
Três em cada quatro famílias venezuelanas vivem em condições de extrema pobreza, segundo uma pesquisa sobre as condições de vida na Venezuela conduzida pela Universidade Católica Andrés Bello e publicada nesta semana.
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