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Colapso econômico

Na terra do socialista Maduro, hoje quem manda é o dólar americano

Vendedor de rua conta notas de dólar em Caracas, Venezuela, 19 de novembro de 2019 (Foto: Federico PARRA / AFP)

O dólar dos EUA ampliou seu domínio na Venezuela, enquanto os habitantes locais recorrem cada vez mais à moeda americana, mesmo para as menores compras.

Atualmente, o dólar físico representa mais da metade de todas as transações do varejo, e a quantidade da moeda em circulação aumentou para US$ 2,7 bilhões, segundo dados da empresa de pesquisa Ecoanalitica, com sede em Caracas. Isso é três vezes o valor de todos os bolívares existentes somados à quantidade de moeda local mantida em contas correntes e de poupança, mostram os dados.

O dólar tomou conta da economia após anos de desvalorizações e hiperinflação que corroeram o valor do bolívar até um nível apenas minimamente acima do nulo, e em meio à escassez de notas em moeda local. Em vez de se dar o trabalho de montar uma pilha suficientemente grande de notas de bolívar e carregá-las em sacolas, é mais prático para os venezuelanos conduzir seu comércio em notas de dólar transportadas para o país como remessas ou apanhadas em casas de câmbio nas fronteiras com Colômbia e Brasil.

Embora até recentemente fosse ilegal realizar transações na moeda dos EUA, essas restrições praticamente evaporaram em qualquer sentido prático. Até o ditador Nicolás Maduro, que geralmente se esforça ao máximo para controlar a economia, aceitou a transição, enquanto o país sofre uma crise econômica incapacitante que causou emigração em massa em meio à crescente pobreza. As coisas estão tão ruins e o bolívar tão fraco que a Venezuela tem dificuldades para imprimir notas físicas de bolívar suficientes para acompanhar a desvalorização.

"Esse processo que eles chamam de dolarização pode ajudar a recuperação do país, a expansão das forças produtivas no país e a economia", disse Maduro em entrevista no mês passado. "Graças a Deus que existe a dolarização."

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Menino em banca de mercado em El Valle, na capital venezuelana, 19 de novembro de 2019

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Vendedor de frutas aguarda clientes em mercado em El Valle, na capital venezuelana, 19 de novembro de 2019

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Mulher compra uma "hallaca", um prato típico venezuelano de Natal, com dólares americanos em rua de Caracas, 19 de novembro de 2019

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Mulher compra uma "hallaca", um prato típico venezuelano de Natal, com dólares americanos em rua de Caracas, 19 de novembro de 2019

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Cliente segura dólares americanos que usará para fazer compras em uma loja durante a Black Friday em um shopping center de Caracas, Venezuela, 29 de novembro. Lojas de um shopping da capital venezuelana aderiram à Black Friday pela primeira vez

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Vendedor de rua conta notas de dólar em Caracas, Venezuela, 19 de novembro de 2019

A dependência da Venezuela a moeda estrangeira também vai além dos dólares. Em meio a sanções que limitam o acesso do país ao sistema financeiro global, sabe-se que a empresa estatal de petróleo realiza transações em yuan chinês, e o banco central recentemente estudou a possibilidade de usar criptomoedas, como Bitcoin ou Ether.

Mais recentemente, o regime de Maduro vem recheando a economia com os euros que o governo recebe das vendas de petróleo e ouro. Novas regras exigem que os bancos locais vendam a moeda europeia toda semana, em um esforço para reduzir a pressão sobre o bolívar. Pode haver até 1 bilhão de euros circulando na economia neste momento, segundo Asdrubal Oliveros, diretor da Ecoanalitica.

Com o indicador de inflação local da Bloomberg - o Índice Cafe Con Leche - chegando a uma taxa anual de 8.900%, é improvável que o bolívar faça um retorno em breve. Enquanto isso, serão necessários 40.000 deles para comprar um dólar.

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