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América do Sul

Venezuela e Colômbia reacendem crise

Nicolás Maduro (centro) durante a apresentação do novo sistema de defesa da Venezuela, em Caracas | Palácio de Miraflores/Reuters
Nicolás Maduro (centro) durante a apresentação do novo sistema de defesa da Venezuela, em Caracas (Foto: Palácio de Miraflores/Reuters)

Uma visita do líder opositor venezuelano Henrique Capriles à Colômbia nesta semana foi o suficiente para romper o curto período de paz que os dois países conquistaram desde a saída de Álvaro Uribe da Presidência colombiana. Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, acusou o atual presidente do país vizinho, Juan Manuel Santos, de "traição".

O líder da oposição venezuelana, que é favorável à economia de mercado, viajou à Colômbia para levar sua queixa contra o resultado da eleição presidencial do mês passado, que foi vencida por Maduro com apenas 1,5 ponto porcentual de vantagem.

"Lamento muito que o presidente Santos tenha dado credibilidade à direita fascista venezuelana", disse Maduro, de 50 anos, novamente acusando Capriles de conspirar para derrubá-lo e dizendo que agora o governo colombiano está alinhado com esse plano.

"Há tempo para retificação, que é o que pedimos. Enquanto isso, vamos continuar a avaliar todas as nossas relações com o governo colombiano", acrescentou.

A Venezuela retirou seu embaixador das negociações de paz realizadas em Cuba entre o governo colombiano e a guerrilha marxista Farc em protesto contra a reunião de Santos com Capriles.

"Fiz esforços com as guerrilhas colombianas para alcançar a paz na Colômbia", disse Maduro durante um discurso no centro da cidade de Valência, transmitido ao vivo pela tevê estatal. "Agora, eles vão nos pagar assim, com a traição. Perdi a confiança no presidente Santos, a menos que ele me mostre o contrário." A Colômbia é um importante aliado dos EUA e o governo anterior ao de Santos teve relações terríveis com a administração de Chávez.

Santos, que sucedeu Uribe, fez as pazes com Chávez em nome do pragmatismo e de solidariedade regional, após chegar ao poder em 2010. Isso ajudou o comércio e permitiu que ambos os lados perseguissem guerrilheiros, traficantes e paramilitares em sua longa fronteira.

Ainda em Bogotá na quinta-feira, Capriles considerou exagerada e injustificada a raiva das autoridades venezuelanas sobre seu encontro com Santos. Minutos após os comentários de Maduro, ele deu uma resposta contundente via Twitter.

"Ele perdeu o rumo. Ele não sabe para onde está indo – incompetência e ilegitimidade combinados!".

Presidente colombiano nega plano

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, negou ontem estar envolvido em um complô para desestabilizar o governo da Venezuela, descartando como "absurda" a acusação feita por seu colega do país vizinho, que o criticou por ter recebido o líder da oposição venezuelana.

O presidente anunciou que apelará a canais diplomáticos para resolver o que chamou de um "mal-entendido" por parte do governo de Nicolás Maduro, que colocou sob revisão as relações políticas e comerciais entre as duas nações.

Falando após a primeira crise diplomática com a Venezuela em seu governo, Santos disse que vai manter o espírito do acordo de 2010 com o falecido Hugo Chávez que restabeleceu as relações depois de altos e baixos durante o mandato de seu antecessor Álvaro Uribe.

"É absurdo pensar que o governo colombiano esteja ciente, ou pior ainda, que esteja apoiando uma ação para desestabilizar o governo da Venezuela", disse Santos em uma cerimônia no departamento de Valle, no sudoeste do país.

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