Economia fraca
Presidente do Banco Central venezuelano prevê desaquecimento
A incerteza política criada pela morte de Hugo Chávez, que foi líder socialista da Venezuela, afetou a economia e terá um efeito sobre os valores de crescimento econômico da nação exportadora de petróleo, disse na noite de quinta-feira o presidente do Banco Central do país, Edmee Betancourt.
Economistas e líderes empresariais esperam que o governo do país divulgue um forte abrandamento do crescimento econômico no primeiro trimestre de 2013, como resultado de menos gastos do governo e uma escassez de moeda forte.
"A doença do nosso comandante supremo e sua morte lamentável interrompeu automaticamente a economia", disse Betancourt. "Os indicadores (econômicos) não são os que queríamos", acrecentou.
O banco central ainda não divulgou os dados do produto interno bruto do primeiro trimestre, que deveriam ter saído em meados de maio.
A principal organização da indústria privada do país, Conindustria, disse nesta semana que as vendas e a produção dos seus membros no primeiro trimestre caiu para níveis próximos aos de 2008, quando a economia da Venezuela foi abalada pela crise financeira global.
A informação foi baseada em uma pesquisa com membros, que citaram a incerteza política, a falta de moeda forte e incapacidade de adquirir matérias-primas como as principais causas do declínio.
Uma visita do líder opositor venezuelano Henrique Capriles à Colômbia nesta semana foi o suficiente para romper o curto período de paz que os dois países conquistaram desde a saída de Álvaro Uribe da Presidência colombiana. Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, acusou o atual presidente do país vizinho, Juan Manuel Santos, de "traição".
O líder da oposição venezuelana, que é favorável à economia de mercado, viajou à Colômbia para levar sua queixa contra o resultado da eleição presidencial do mês passado, que foi vencida por Maduro com apenas 1,5 ponto porcentual de vantagem.
"Lamento muito que o presidente Santos tenha dado credibilidade à direita fascista venezuelana", disse Maduro, de 50 anos, novamente acusando Capriles de conspirar para derrubá-lo e dizendo que agora o governo colombiano está alinhado com esse plano.
"Há tempo para retificação, que é o que pedimos. Enquanto isso, vamos continuar a avaliar todas as nossas relações com o governo colombiano", acrescentou.
A Venezuela retirou seu embaixador das negociações de paz realizadas em Cuba entre o governo colombiano e a guerrilha marxista Farc em protesto contra a reunião de Santos com Capriles.
"Fiz esforços com as guerrilhas colombianas para alcançar a paz na Colômbia", disse Maduro durante um discurso no centro da cidade de Valência, transmitido ao vivo pela tevê estatal. "Agora, eles vão nos pagar assim, com a traição. Perdi a confiança no presidente Santos, a menos que ele me mostre o contrário." A Colômbia é um importante aliado dos EUA e o governo anterior ao de Santos teve relações terríveis com a administração de Chávez.
Santos, que sucedeu Uribe, fez as pazes com Chávez em nome do pragmatismo e de solidariedade regional, após chegar ao poder em 2010. Isso ajudou o comércio e permitiu que ambos os lados perseguissem guerrilheiros, traficantes e paramilitares em sua longa fronteira.
Ainda em Bogotá na quinta-feira, Capriles considerou exagerada e injustificada a raiva das autoridades venezuelanas sobre seu encontro com Santos. Minutos após os comentários de Maduro, ele deu uma resposta contundente via Twitter.
"Ele perdeu o rumo. Ele não sabe para onde está indo incompetência e ilegitimidade combinados!".
Presidente colombiano nega plano
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, negou ontem estar envolvido em um complô para desestabilizar o governo da Venezuela, descartando como "absurda" a acusação feita por seu colega do país vizinho, que o criticou por ter recebido o líder da oposição venezuelana.
O presidente anunciou que apelará a canais diplomáticos para resolver o que chamou de um "mal-entendido" por parte do governo de Nicolás Maduro, que colocou sob revisão as relações políticas e comerciais entre as duas nações.
Falando após a primeira crise diplomática com a Venezuela em seu governo, Santos disse que vai manter o espírito do acordo de 2010 com o falecido Hugo Chávez que restabeleceu as relações depois de altos e baixos durante o mandato de seu antecessor Álvaro Uribe.
"É absurdo pensar que o governo colombiano esteja ciente, ou pior ainda, que esteja apoiando uma ação para desestabilizar o governo da Venezuela", disse Santos em uma cerimônia no departamento de Valle, no sudoeste do país.