Os presidentes do Irã e da Venezuela se comprometeram nesta segunda-feira (9) a fortalecer sua relações e falaram, em tom de brincadeira, sobre terem armas apontadas para os Estados Unidos. O venezuelano Hugo Chávez recebeu em Caracas um descontraído Mahmoud Ahmadinejad, no primeiro dia de uma viagem do líder iraniano que incluirá também Nicarágua, Cuba e Equador. A proximidade de Caracas com Teerã irrita os Estados Unidos e seus aliados, que buscam isolar a República Islâmica por causa da sua recusa em abrir mão de atividades nucleares estratégicas. O Irã anunciou nesta segunda-feira que começou a enriquecer urânio em um espaço subterrâneo, contrariando a pressão internacional, e no mesmo dia o governo local anunciou a condenação à morte de um americano-iraniano acusado de espionar para a Agência Central de Inteligência (CIA), notícia que deve causar ainda mais tensões entre Washington e Teerã. Os EUA e seus aliados acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que a República Islâmica nega, insistindo que sua intenção é gerar energia para fins pacíficos. Sem citar diretamente os EUA ou qualquer outro país, Ahmadinejad disse no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, que "o sistema dominante está decadente, por isso eles assumiram um rosto mais agressivo". "Apesar dos arrogantes que não querem que estejamos juntos, estaremos juntos para sempre", acrescentou Ahmadinejad, antes de unir suas mãos às de Chávez, principal voz antiamericana da atualidade na América Latina. Conhecido por suas declarações irônicas, o anfitrião disse que tem razão quem o acusa de ter bombas e canhões apontados para os EUA.
"É para rirmos, mas para estarmos alertas também, nós certamente vamos trabalhar muito para umas bombas, para uns mísseis, para continuar fazendo uma guerra. A nossa guerra é contra a miséria, a pobreza. Essa é a nossa guerra", disse Chávez, dirigindo um olhar de camaradagem ao colega iraniano. O presidente iraniano continuou a piada, afirmando que suas bombas estão cheias de amor pelos povos e pela liberdade. "Nós amamos todos os povos, inclusive o povo norte-americano, que sofre sob o domínio dos arrogantes", disse.