Venezuela empresta US$100 milhões para reforma agrária na Bolívia

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A Venezuela emprestará à Bolívia US$ 100 milhões para impulsionar sua prometida redistribuição de terras, disse nesta sexta-feira o ministro do Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, em outro sinal do apoio de Caracas ao governo do presidente Evo Morales.

Salvatierra acrescentou que o Estado boliviano poderá confiscar terras de alguns produtores de soja brasileiros no distrito de Santa Cruz por possíveis irregularidades que não foram detalhadas, confirmando temores no Brasil.

Pelo menos 25% dos fundos cedidos pela Venezuela irão para projetos de apoio à produção de agricultores e comunidades indígenas, que serão complementados com outras ajudas da comunidade internacional para acelerar o registro de terras, disse o ministro a correspondentes estrangeiros.

A distribuição anunciada esta semana por Morales não estabelece, nesta primeira etapa, o confisco de terras privadas, mas dispõe sobre a distribuição de até 5 milhões de hectares de terras fiscais.

Mais adiante, entretanto, pretende-se estender a reforma aos latifúndios improdutivos, que o governo propõe reverter para o domínio do Estado.

A medida é parte dos esforços do governo boliviano de melhorar a distribuição de riqueza no país mais pobre da América do Sul.

Sobre os produtores brasileiros, Salvatierra disse, sem dar detalhes, que o problema não é a posse dos terrenos e sim uma possível ilegalidade prévia das terras, os que as incluiria no confisco.

- Nosso objetivo não são os brasileiros, mas regularizar a propriedade e devolver ao Estado as terras ilegais e improdutivas - garantiu, ao revelar que também existem na Bolívia empresários agrícolas argentinos, russos e paraguaios.

Desde que assumiu, em janeiro, Morales se converteu em um grande aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Chávez sustentou fortemente a recente decisão da Bolívia de nacionalizar o setor de petróleo e gás, enquanto La Paz adiantou que a petrolífera estatal PDVSA desembolsará até US$ 1,5 bilhão no país andino, em um momento em que os grupos de energia mantêm paralisados seus investimentos.