As Forças Armadas da Venezuela enviaram nesta terça-feira (22) milhares de soldados à fronteira com a Guiana, no leste do país. A movimentação perto da área disputada entre os dois países levou a protesto do vizinho.
As atividades militares acontecem um dia após a Guiana ameaçar levar a disputa pela região de Essequibo à Corte Internacional de Justiça por considerar esgotados os esforços da ONU para resolver o conflito.
De acordo com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, as tropas realizam um exercício militar. “Fazemos um exercício de deslocamento operacional. (...) Estamos nos preparando em todas as frentes.”
O anúncio do ministro é feito minutos depois de o presidente da Guiana, David Granger, reclamar do reforço militar na fronteira. Para ele, seu colega Nicolás Maduro segue um rumo perigoso ao evitar uma solução pacífica.
“Achamos que a Venezuela está tomando neste ponto um caminho perigoso em vez de buscar uma solução pacífica para o assunto. A Venezuela parece seguir um rumo ofensivo e agressivo.”
Granger busca o apoio de países da América antes de se pronunciar sobre a disputa pela região de Essequibo na Assembleia-Geral da ONU, em discurso previsto para a próxima sexta-feira (25).
Nele, defenderá que os limites entre os dois países foram acertados no tratado assinado entre a Venezuela e o Reino Unido em 1899. Caracas afirma que o documento foi fraudado para beneficiar na época aos britânicos.
Volta
A disputa fronteiriça entre Venezuela e Guiana foi reativada no final de maio depois que a companhia Exxon Mobil descobriu uma jazida de petróleo no litoral de Essequibo.
O tema foi colocado em segundo plano em agosto quando o governo de Nicolás Maduro decidiu fechar sua fronteira oeste com a Colômbia, sob a alegação da atividade de grupos paramilitares e contrabando.
A questão começou a ser resolvida na segunda (21) depois de reunião entre Maduro e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, mediada pelo Equador e o Uruguai. Um dos pontos é a abertura progressiva da fronteira.
A oposição ao chavista e outros críticos estrangeiros acusam o mandatário de usar as crises diplomáticas para poder ganhar as eleições parlamentares de dezembro.