Lagunillas, Venezuela - Diante de centenas de funcionários da empresa estatal PDVSA, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, oficializou ontem a expropriação de 60 empresas prestadoras de serviços da área petroleira. A medida ocorre num momento em que várias empresas privadas ameaçavam reduzir ou paralisar os trabalhos por causa do atraso nos pagamentos da estatal petroleira.
"Essas empresas não nos fazem falta. O povo e os trabalhadores vão demonstrar como seremos mais eficientes na administração de nossa indústria, disse Chávez, em cadeia nacional de TV. "Vamos enterrar o capitalismo na Venezuela.
A cerimônia foi feita em uma região de diques às margens do imenso lago Maracaibo (noroeste), principal região produtora de petróleo da Venezuela. Várias das empresas nacionalizadas, ocupadas militarmente desde a madrugada de ontem, estavam instaladas ali e prestavam serviços de transporte aquático, reboque e reparação de equipamentos submarinos.
No discurso, Chávez acusou as empresas nacionalizadas de não cumprir com os direitos trabalhistas, como seguro-saúde, e de atrasar pagamentos. O presidente também anunciou a expropriação de uma empresa no leste no país especializada em injeção de água nos poços de petróleo, importante para a manutenção da produção.
Nacionalizadas
Com a incorporação das empresas, a endividada PDVSA aumentou a sua folha de pagamento em 11%, passando, da noite para o dia, de 74 mil para 82 mil funcionários.
Uma das empresas nacionalizadas foi a norte-americana Williams Companies, que na semana passada havia ameaçado recorrer à arbitragem internacional para cobrar uma dívida de US$ 241 milhões.
Pela nova legislação, aprovada pela Assembleia Nacional anteontem após uma rápida tramitação, as empresas nacionalizadas só podem recorrer a tribunais venezuelanos, controlados pelo chavismo.
Segundo uma lista apresentada pelo próprio Chávez ontem à noite, foram nacionalizados hoje 300 lanchas, 30 rebocadores, 30 barcos de transporte, 39 terminais e atracadouros, 61 lanchas de mergulho, cinco diques para reparação de barcos, além de 13 oficinas.
O presidente disse que serão absorvidos 8.056 trabalhadores e que a PDVSA economizará US$ 700 milhões por ano com a estatização. "Estamos totalmente surpresos com a nacionalização, disse o presidente da Câmara Petroleira de Zulia, Erwin Lingg. "Em menos de 72 horas, as empresas foram inventariadas e custodiadas pela Guarda Nacional, e a lei foi aprovada sem nos darem o direito à palavra."
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