A Venezuela deu início, nesta segunda-feira (29), à venda pública do Petro, a criptomoeda criada pelo regime e lastreada em suas reservas de petróleo. Segundo o ditador Nicolás Maduro, o “Petro nos abre caminho à era digital no intercâmbio comercial nacional e internacional”.
No site dedicado ao Petro, o regime venezuelano explica que a criptomoeda poderá ser adquirida em “em qualquer divisa internacional ou em qualquer outra criptomoeda”. Serão aceitos Bitcoin, Litecoin, Ethereum e Dash. A compra em bolívares soberanos só poderá ser feita a partir da próxima semana.
"Nesta segunda-feira, 29 de outubro, começamos com a venda da petro em duas fases principais: a venda do Petro através de criptomoedas e a aquisição através de moedas conversíveis [que não tem restrições no seu comércio com outras moedas, como o dólar americano]. A partir das 8:30 da manhã começou este grande dia, uma festa econômica para o país", disse Joselit Ramírez, superintendente de Criptoativos e Atividades Similares (Sunacrip).
As transações para o pagamento de bens e serviços com o ativo devem iniciar na próxima segunda-feira (5).
O valor do petro será, inicialmente, US$ 60. Depois, ele será atualizado de acordo com um índice que leva em conta os preços do barril de petróleo e de outros minerais nos quais a criptomoeda está lastreada, segundo documento publicado no site oficial da moeda.
No início de outubro, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, havia mencionado que, para fazer seus passaportes, os venezuelanos terão que pagar em petro - dois petros, mais precisamente. Segundo a Bloomberg, isso equivale a 7.200 bolívares, ou seja, quatro vezes mais do que o salário mínimo do país, o que dificultaria ainda mais a obtenção do documento. A renovação do passaporte custará um petro.
O lançamento da criptomoeda ocorre no momento em que o governo da Venezuela recebe sanções de outros países por ter cometido repressões às liberdades individuais. Os venezuelanos lutam contra o colapso de sua moeda, com previsão de chegar a uma hiperinflação de 1.300.000% neste ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os cidadãos do país enfrentam também uma crise de escassez generalizada de alimentos, falta de medicamentos e outros mantimentos básicos, com uma alta crescente no índice de desemprego.
Oficialmente, o objetivo do governo da Venezuela é proteger a sua soberania monetária e driblar o bloqueio financeiro imposto pelos Estados Unidos. Mas, na realidade, especialistas avaliam a iniciativa como uma tentativa de mascarar os péssimos índices econômicos e aumentar o controle da população. Eles não veem como Maduro honrará sua promessa de pagar um barril de petróleo por petro, já que a produção bruta do commodity vem caindo depois de anos de má gestão e a consequente queda de preços do produto. Leia mais em: Quebrada, Venezuela inicia pré-venda da criptomoeda “petro”
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